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Falta de planeamento prolonga congestionamentos na Nacional 10-6

Acabadas as obras numa ponte a empresa anuncia intervenção numa segunda travessia

Moradores, comerciantes e Câmara de Vila Franca não aceitam decisão da Estradas de Portugal de cortar o trânsito na Estrada Nacional 10-6, entre Alverca e Arruda dos Vinhos.

Duas semanas depois de terminadas as obras na Ponte das Silveiras, entre Alverca e Arruda dos Vinhos, que provocou incómodos aos moradores durante três meses devido ao desvio do trânsito, a Estradas de Portugal vai agora cortar a circulação na mesma estrada, Nacional 10-6, para arranjar outra ponte. O que evidencia uma falta de planeamento da empresa pública. O fecho da Ponte da Velosa, seis quilómetros a norte da Ponte das Silveiras, está a gerar protestos dos moradores da zona, uma vez que as obras nas duas pontes podiam ter sido realizadas em simultâneo, evitando-se o prolongamento dos constrangimentos. A Ponte das Silveiras, recorde-se, encerrou ao trânsito em Setembro e só ficou concluída no final de Novembro. Agora que a circulação voltou à normalidade a empresa anunciou um novo encerramento do trânsito na EN 10-6, desta vez por um período de dois meses, para poder alargar a ponte da Velosa.Os moradores e utilizadores da estrada consideram que esta situação ocorre por falta de planeamento por parte da empresa. Os comerciantes temem quebras no negócio e a Câmara de Vila Franca de Xira também não vê com bons olhos a decisão de se cortar o trânsito, tendo já contactado a Estradas de Portugal para voltar atrás. Os moradores acusam a Estradas de Portugal de “autoritarismo” e garantem que vão lutar para que a obra seja feita por fases, deixando uma das faixas da ponte aberta para a circulação.Em causa está o isolamento de pequenas povoações ao longo da estrada e das aldeias rurais de Calhandriz, A-dos-Melros e Adanaia, onde a maior parte da população é idosa. Essa mesma população depende dos transportes públicos para chegar aos centros urbanos, mas devido à obra a circulação dos autocarros será temporariamente suspensa e os moradores ficam sem alternativas.O corte do trânsito vai obrigar os condutores a percorrerem um caminho alternativo numa extensão de 14 quilómetros para chegarem à Estrada Nacional 10 e terem acesso a Alverca e Vila Franca de Xira. Esta situação vai provocar também atrasos aos bombeiros em caso de necessidade de socorro nas localidades afectadas. “Queremos que façam como nos outros locais, onde a obra se realiza numa metade da ponte e a outra metade fica aberta ao trânsito para não ficarmos isolados. Fala-se que a obra vai demorar 60 dias mas em pleno Inverno não acredito. Acho que vamos passar bastante tempo com a estrada fechada e isso preocupa-nos”, salienta Dina Rodrigues, moradora em Vale da Pedrosa.A colocação de uma ponte militar é outra das soluções apontadas pelos moradores mas o seu custo elevado afasta essa possibilidade. Para os comerciantes da zona cortar a estrada na altura das festas natalícias é a “machadada final” no negócio. André Lopes da Silva e Rui Lúcio são dois empresários da restauração que não terão vida fácil por causa da decisão da EP. “Nós vivemos das pessoas que vêm a Calhandriz. É um prejuízo imenso, sobretudo nesta altura do Natal e Ano Novo, porque as pessoas vão deixar de vir por terem de fazer o triplo dos quilómetros. As pessoas não conhecem os caminhos alternativos e não há ninguém que nos explique porque é que a estrada tem de ser fechada na totalidade. É lamentável”, acusam.Paulo Vieira, utilizador da estrada, diz-se revoltado com “a arrogância da Estradas de Portugal”. E não poupa também críticas ao presidente da Junta de Alverca, Afonso Costa (PS) porque, diz, “ele foi informado desta situação, prometeu dizer alguma coisa aos moradores e até agora nada”, condena.Câmara descarta responsabilidadesA Câmara de Vila Franca de Xira já fez saber que não tem qualquer responsabilidade na intervenção que vai ocorrer na Ponte da Velosa e que vai levar ao corte do trânsito na Estrada Nacional 10-6. O município refere no entanto que a intenção da empresa Estradas de Portugal (EP) “causa enormes transtornos aos munícipes” e lembra que existem pareceres negativos dos técnicos da autarquia a respeito da intenção da empresa. “Contactámos a EP visando que fosse equacionada outra alternativa menos prejudicial mas até esta data não obtivemos qualquer resposta”, lamenta o município numa carta que enviou aos moradores. Partilhando “todas as preocupações e inquietações” da população a câmara promete continuar a pressionar a empresa para que aceite a proposta de cortar apenas metade da via. O MIRANTE contactou a Estradas de Portugal que não prestou qualquer esclarecimento até ao fecho da edição.

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