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Natalício Serafim das Neves

Há cidades que não vão ter iluminações natalícias. Deve ser para corresponder ao apelo do Papa Bento XVI que avisou os cristãos para não se distraírem com esses truques comerciais piscantes que incentivam ao consumo e nos desviam da espiritualidade. Quem nunca fechou os olhos durante a degustação de um bom tinto ou durante um beijo apaixonado não percebe do que fala o Papa. A escuridão induzida é a melhor maneira de atingir a essência do divino. O Nirvana. Repara nos olhos cerrados de algumas mulheres no momento em que colocam na boca um bombom, ou mesmo uma hóstia consagrada a meio da missa. A volúpia não se dá com a luz. Eu cá já vi olhos cerrados que bastem para dizer o que digo. E só não vi mais porque também cerrei os meus. Não é por acaso que quando vai acontecer algo de verdadeiramente incrível a maior parte das pessoas grita: “Eu nem quero ver!”.Os comerciantes protestam por causa da falta de iluminações natalícias porque ainda não perceberam bem o que se passa. As poucas pessoas que ainda se atrevem a fazer compras agradeciam um pouco de escuridão. Pelo menos junto às caixas registadoras, no momento de pagar. Elas não querem ver a conta. Ver é perigoso porque conduz ao arrependimento e à depressão. E quem é que quer andar arrependido e deprimido numa altura do ano em que as almas de todos os bons cristãos devem rejubilar de alegria por ter nascido o Salvador?Eu não sabia mas fiquei a saber que o vereador Luís Ferreira, da Câmara de Tomar, tem um emprego. Não sabia eu e, se calhar, nem ele próprio já se lembrava uma vez que não punha os pés no emprego há mais de meia dúzia de anos. Quem lhe arranjou o lugar foi o então presidente da Câmara de Alpiarça, Rosa do Céu, socialista dos quatro costados e amigo do seu amigo. Foi na altura em que despediu o tal técnico de informática que dizia ter visto vestígios de visitas a sites pouco recomendáveis no computador presidencial. Posto perante a necessidade de ter alguém que não tivesse visões daquelas ao olhar para o seu computador, o autarca lembrou-se do Luís Ferreira. Foi uma boa escolha como se veio a confirmar. Nem visões nem computadores, nem mesmo a mulher do padeiro ou o site da mulher do padeiro. O novo técnico não viu nada porque andou em trânsito por várias paragens políticas, saltitando de cargo em cargo como elefante sobre nenúfares até lhe ser passada guia de marcha de regresso ao já quase olvidado emprego.Agora o presidente da câmara já não é do PS nem se chama Rosa do Céu. Chama-se Mário Pereira e é do PCP, embora os sites que consulta também não sejam para todos. Há por lá foices, martelos e fotos de homens barbudos que devem dar para pôr o Luís Ferreira zonzo de todo. Vamos lá ver quanto tempo é que o homem aguenta. Para já conseguiu dar com o emprego o que já não é mau. Não sei se utilizou GPS para lá chegar mas se não utilizou digo-te já que temos homem. Lá para os lados de Samora Correia anda uma confusão por causa das receitas de um Festival Talento Solidário que iriam reverter a favor de estudantes carenciados. Pelos vistos houve talento a mais na zona das bilheteiras e não há solidariedade para ninguém. Nem uma gotinha sequer. E depois dizem que há crise, Crise o tanas. Há é abundância. E nem sequer vale a pena dizer de quê.Um abraço abundantemente talentoso do Manuel Serra d’Aire

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