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Meia centena de pessoas fazem presépio vivo na Chamusca

Meia centena de pessoas fazem presépio vivo na Chamusca

Produção de Carlos Petisca com o Teatro do Grupo Dramático Musical

Quem quiser assistir à representação do nascimento de Cristo em jeito de cantata, com actores populares, vozes celestiais do coro Cantar Nosso, textos bíblicos em pano de fundo, basta ir à Chamusca na tarde de dia 17 de Dezembro. A câmara municipal pensou e Carlos Petisca e o seu grupo de teatro executam.

Na noite em que Cristo nasceu estava a chover? Carlos Petisca não sabe e duvida que o padre José Abílio, que o assessorou na escolha dos textos bíblicos que integram o guião da produção que vai apresentar no largo Vasco da Gama, junto à biblioteca da Chamusca, esteja em condições de esclarecer. Afinal já lá vão dois mil e onze anos e na altura não havia registos meteorológicos. A questão da chuva é chamada para a introdução deste texto porque S. Pedro, que para além de ter as chaves do céu parece ter também o comando das torneiras celestiais é a única personagem capaz de causar dano na representação do presépio vivo que a Chamusca vai poder ver no dia 17, sábado, entre as 18h00 e as 19h00. Convém ir mais cedo e a câmara municipal sugere as 16h30.No presépio vivo vão estar envolvidas setenta pessoas de todas as idades. Meia centena pertencem ao grupo de teatro do Grupo Dramático Musical (JNP), orientado por Carlos Petisca, uma animador cultural, actor, produtor, ensaiador, músico, criativo e homem de cultura que gosta de dar uso à sua imaginação. Não foi necessário fazer qualquer casting para escolha dos participantes porque são todos conhecidos do produtor. Para o personagem principal a história é outra. “Já aqui tive três bebés para ver se consigo ter uma verdadeira criança a fazer de menino Jesus”. Compreende-se a preocupação. Um Jesus de chucha de marca ou choramingão não são compatíveis com a imagem que temos do filho de Deus nascido numa manjedoura. Animais não há. Primeiro porque os camelos que um senhor de Almeirim chegou a ter e que eram fantásticos para transportar os Reis Magos, partiram para outras paragens. Depois porque sendo burros, vacas e ovelhas imprevisíveis, Carlos Petisca decidiu não arriscar. “Vamos recriar um momento importantíssimo para todos os cristãos. Não nos podíamos arriscar a que algum imprevisto transformasse algo assim numa tragédia...ou pior ainda...numa comédia”. Mas o produtor avisa. “Ninguém vai dar pela falta dos animais verdadeiros, acreditem”. O coro vem da Golegã. Da Associação Cantar Nosso. Os textos são gravados porque era impossível ter meios técnicos suficientes para fazer tudo no momento. Os actores imobilizam-se quando começam as canções ficando tipo quadros bíblicos. Um bónus para quem queira fotografar os principais momentos. Para além dos elementos do grupo de teatro, há seniores do programa de tempos livres da Junta de Freguesia da Chamusca. A recriação começa com a chegada do casal José e Maria a Belém para o recenseamento decretado por César Augusto. Uma espécie do censos deste ano mas com a introdução dos requintes de malvadez de Herodes, já conhecidos. Depois a fuga, o nascimento, a anunciação, os pastores, os reis magos que vão chegar mais cedo que na história verdadeira porque não valia a pena montar tudo de novo para o Dia de Reis. Carlos Petisca está entusiasmado. “A Chamusca para mim não é madrasta. A câmara aqui apoia as associações e têm-me apoiado de uma forma incrível. E tenho a ajuda de muitas pessoas experimentadas. Tantas que nem consigo dizer o nome de todas. Não só para este presépio vivo mas também para as histórias de Natal que estamos a representar”. Aponta para uma estrutura montada no interior da biblioteca. “ Estes cenários são feitos pelo Vítor Freitas. As costureiras são algumas das actrizes, nomeadamente a Maria Emília Leonor, a mulher do Vítor, a minha mulher, Vera Oliveira que também é minha assessora. Era pouco provável fazer num ano o que já fiz desde que decidi criar o grupo de teatro”, conta.Tem 35 anos. Nos últimos 18 fez teatro. Fez stand-up comedy. Na Ascensão transfigurava-se e encarnava o conhecido Breft, esse mesmo. “O Grupo Dramático Musical JNP (José Nunes Petisca), foi fundado por uma familiar meu, em 1922, com o propósito de ali se fazer teatro e música. Chegou a ter tunas, filarmónicas, grupos de teatro. Em 1959 começou a perder força. Há um ano relancei o teatro. Tenho um grupo aqui e outro na Carregueira, cerca de trinta crianças em cada um. Ao mesmo tempo sou professor de música nas escolas primárias. Na União Desportiva da Chamusca montei uma escolinha de música onde damos viola, cavaquinho. Estamos a começar com a guitarra portuguesa que era tradição aqui mas foi-se perdendo. Tudo sempre ligado à cultura. Aos 16 tirei a primeira formação ao nível da actividade cultural. Aos 17 já trabalhava”. É assim que Carlos Petisca resume o seu percurso profissional.
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