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Governo corta apoio nos passes e deixa alunos sem transporte para a escola

Governo corta apoio nos passes e deixa alunos sem transporte para a escola

Professores alertam que haverá alunos sem dinheiro para pagar o autocarro e o comboio

A intenção anunciada pelo Governo de cortar o apoio na aquisição dos passes escolares “4_18” vai deixar muitas famílias sem dinheiro para os comprar e haverá alunos que não terão transporte para a escola. O alerta é deixado por professores e pela associação de estudantes da Escola Secundária Gago Coutinho, que esta semana se manifestou em Lisboa.

A partir do próximo ano o Governo vai deixar de comparticipar metade do passe escolar “4_18” e muitas famílias da região não vão conseguir pagar os transportes, temendo-se que muitos alunos fiquem sem outra forma de ir para a escola senão a pé e à boleia. A medida significa que um passe que até então custava 15 euros ao agregado familiar passará a custar, a partir de Janeiro, 30 euros.A medida atinge sobretudo a classe média, que tem rendimentos demasiado altos para se candidatar à acção social escolar e demasiado baixos para conseguir suportar todas as despesas. A situação, temem os professores e alunos das escolas da região, vai deixar muitos alunos sem dinheiro para apanharem o transporte para a escola. Na última semana a associação de estudantes da Secundária Gago Coutinho de Alverca juntou quase 250 alunos numa manifestação em Lisboa para apelar ao Governo que recue na intenção de cortar nos apoios a estes passes escolares (ver caixa).O passe “4-18”, recorde-se, é um passe destinado a estudantes dos 4 aos 18 anos que não frequentam o ensino superior e não beneficiam de transporte escolar assegurado pelas câmaras municipais. Até agora os detentores deste cartão beneficiavam de um desconto de 50 por cento na compra dos passes mensais para os transportes públicos. “Quem vai sofrer é a classe média, as pessoas que já estão aflitas com os créditos da casa, do carro, dos livros dos miúdos e agora dos transportes. Quase de certeza que teremos jovens a vir a pé para a escola no próximo ano, não tenho dúvidas disso. Às vezes já os vemos sem alguns livros porque não tiveram dinheiro para eles”, garante a O MIRANTE um professor da Escola Secundária de Benavente.Em Alverca o director da Gago Coutinho, Sérgio Amorim, admite que o corte trará problemas. O estabelecimento de ensino tem actualmente 1050 alunos no período diurno. 101 beneficiam de apoios do escalão A e 75 do escalão B. “Fora aqueles que já estão em dificuldade é provável que venha a haver mais alunos nessas circunstâncias”, adverte.Em Vila Franca de Xira o director do Agrupamento de Escolas Alves Redol, Teodoro Roque, refere que o impacto não irá ser sentido em grande escala nas escolas da cidade porque a maioria dos alunos reside próximo de casa. Em Azambuja José Manuel Franco, director do agrupamento, admite que a situação possa trazer problemas mas ressalva o trabalho que tem sido feito pela câmara no transporte de alunos. “Mas nunca nos podemos esquecer que é importante que ninguém seja excluído por falta de recursos, esperemos que nenhum aluno deixe de ir à escola por causa dessa situação”, adverte.Alunos de Alverca entregam abaixo-assinado no Ministério da EducaçãoA Associação de Estudantes da Escola Secundária Gago Coutinho em Alverca promoveu na manhã de 14 de Dezembro uma manifestação na Praça do Saldanha, em Lisboa, contra a intenção anunciada pelo Governo de cortar nos apoios para aquisição dos passes sociais “4_18”. Na manifestação estiveram perto de 250 alunos, alguns em representação de outras associações de estudantes da região. Os alunos envergaram faixas de protesto e gritaram palavras de ordem. Depois da concentração no Saldanha caminharam até ao Ministério da Educação e da Ciência onde entregaram um abaixo-assinado contendo 10 mil assinaturas, recolhidas em todo o país, a apelar ao recuo na decisão de cortar os apoios nestes passes escolares. Uma das responsáveis da associação de estudantes da Gago Coutinho, Vanessa Silva, fez um balanço positivo da iniciativa e garantiu a O MIRANTE que os estudantes vão continuar a lutar para defender a escola pública.
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