Manutenção de canil de associação de Fátima só com compra do terreno
Proprietários estão cansados de falsas promessas e afirmam que se o terreno não for comprado conforme o acordo com a APAAF, o canil vai ser desactivado até 4 de Janeiro.
José Vargas está cansado de ler notícias nos jornais onde a responsável pela Associação Protectora dos Animais Abandonados de Fátima (APAAF) afirma que o terreno onde está o canil não tem dono e que vai ficar apenas sem as pessoas que tratam dos animais, que se vão embora no final do ano. A informação foge muito à verdade, afirma. José Vargas garante que todo o espaço da chamada “Quinta da Paz dos Animais” é de sua propriedade e o canil só nasceu ali porque em 2009 a presidente da APPAF, Céu Romeiro, propôs comprar-lhe o terreno. Em ano e meio, o casal de origem brasileira só recebeu foi trabalho e nada de dinheiro. O canil da APAAF funciona no Pessegueiro (Batalha), localidade vizinha de Giesteira, freguesia de Fátima. José Vargas e a esposa, que tinham por profissão tratar de animais, foram morar na quinta em 2005, numa altura em que o espaço era efectivamente um canil chamado “Associação Paz dos Anjos”. Entretanto o proprietário começou a ter problemas com as Finanças e o terreno acabou por passar para José Vargas em 2008.O actual dono reconhece que apesar de ter havido licença para construção, o local nunca esteve devidamente legalizado. Mas como foi assim que o recebeu, assim foi ficando. A quinta situa-se longe de habitações, num espaço amplo e com vários equipamentos preparados para receber animais.Em 2009 a presidente da APAAF propôs-lhe comprar todo o terreno para ali montar o canil da associação. “Mas o tempo foi-se passando, ela foi-se apropriando do espaço e nunca pagou”. Quem trata dos animais, limpa os canis e esteriliza os machos é o casal, que nunca viu dinheiro pelo trabalho que tem tido. Entretanto os animais vão aparecendo e actualmente têm mais de 60.“Já falei com o meu advogado. Ela tem que sair até 4 de Janeiro”, afirma, comentando de seguida que se nesse dia não houver uma compra efectiva o canil é desactivado nem que tenha que chamar a GNR. “A minha mulher não tem folga, até aos domingos porque aparecem pessoas para ver os animais”.A APAAF trata das rações e vai conseguindo apoios, mas a electricidade gasta no canil tem sido sempre paga por José Vargas. A indignação aumentou quando o casal constatou que os animais são vendidos pela APPAF e não doados, como seria suposto para animais que foram encontrados abandonados. Chegaram a ser feitas obras na quinta pela Câmara de Ourém. Mas quando o proprietário se apercebeu que estas tinham sido realizadas sob a afirmação de que aquele era um terreno abandonado, José Vargas apressou-se a procurar os responsáveis municipais para pagar os gastos. José Vargas termina lamentando que com toda a situação os únicos que sofrem são mesmo os animais. A esposa já deveria ter voltado para o Brasil há um ano e só ficou para cuidar dos cães e gatos que nunca mais pararam de aparecer. Entretanto tem mesmo que partir, mas o marido só vai quando a situação estiver resolvida. “Só cuido dos animais até 4 de Janeiro. Até lá faço um ofício à câmara municipal, chamo a GNR e quero tudo daqui para fora”. Contactada recentemente por O MIRANTE, Céu Romeiro deu conta de que a quinta estava em situação irregular, abandonada pelos proprietários e que a pessoa que cuidava dos animais estava de partida para o Brasil, pelo que era necessário avançar com um pedido de usucapião. A responsável já havia falado inclusive com o Santuário de Fátima e apelava a todos os que pudessem ajudar a manter o canil de portas abertas. Entretanto, Céu Romeiro contactou o município da Batalha, que se recusa a fazer qualquer compra caso o espaço não esteja devidamente legalizado. A responsável está a procurar local para deixar os animais, mas afirma que não o consegue fazer até ao final do ano. “Tenho de ter tempo”, refere.
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