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Treinador de andebol feminino da AREPA luta contra insucesso escolar no concelho

Guilherme Raquel dá explicações antes de os treinos de andebol começarem

É comum existirem muitos treinadores de diversas modalidades que tem particular atenção às notas escolares dos seus atletas, especialmente das camadas mais jovens. Na Associação Recreativa do Porto Alto (AREPA), do Porto Alto, Samora Correia, concelho de Benavente, um dos treinadores da secção de andebol feminino não foge à regra e é intransigente para as meninas que tiram más notas na escola. Guilherme Raquel, de 25 anos, constata que o insucesso escolar no concelho é alarmante e tenta através de explicações e castigos dar a volta à situação.

No concelho de Benavente, o andebol é o desporto rei, muito graças à rivalidade que sempre existiu entre as equipas de Benavente e Samora Correia. Ensinar andebol a raparigas não é muito diferente das turmas de rapazes. “Só noto praticamente diferença a nível do contacto físico. As raparigas não se aproximam tanto das adversárias, com medo de levarem porrada. E a nível de intensidade é um jogo ligeiramente mais lento”, nota Guilherme Raquel, professor dos escalões infantis e iniciados da secção feminina de andebol da AREPA. Os sentimentos que invadem os atletas quando perdem ou ganham também é semelhante entre os dois sexos, adianta o professor. O insucesso escolar alarmante que se regista no concelho é uma das coisas que mais preocupa o jovem treinador de andebol. Tenta sempre dar explicações às atletas que mais precisam antes dos treinos. “Muitas pensam que vão ser jogadoras de andebol e estão muito motivadas. Mas em Portugal, este desporto não dá qualquer sustentabilidade”, alerta. Por isso, não hesita quando tem de castigar as atletas, impedindo-as de participar em jogos importantes ou mesmo nos treinos devido aos maus resultados escolares. Sabe de cor o dia em que cada uma vai ter testes. Num jogo recente impediu a melhor jogadora de entrar devido a maus resultados escolares. Garante que lhe custa por vezes castigar as meninas, mas consegue compensar quando vê os resultados escolares a melhorar. Tem boas jogadoras de andebol, mas a muitas ainda faltam mais anos de prática da modalidade para conseguirem fazer frente às equipas mais fortes, especialmente na turma de iniciadas. Já o campeonato das infantis tem sido mais fácil. Em dez jogos conquistaram dez vitórias. Guilherme Raquel gosta de sentir o apoio dos pais nas bancadas que acompanham com regularidade os jogos das filhas mesmo quando vão jogar fora do concelho. “Temos dois tipos de pais, os que só vem apoiar e os que também querem ser treinadores. Prefiro os pais treinadores aos pais ausentes”, aponta. Virgínia Correia, de 13 anos, treina andebol há quatro anos. Não esconde que gostava um dia de chegar à equipa da selecção nacional. “Não trocava o andebol por mais nenhum desporto. Não prejudica os meus estudos e ainda me ajuda a tirar boas notas a educação física”, revela. Também Ana Santos, de 13 anos, gostava de ser jogadora profissional e depois de ser castigada pelo treinador passou a estudar mais e a obter melhores resultados. Professor de actividade desportiva das Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) no Porto Alto, Guilherme Raquel dá aulas diariamente a perto de 100 alunos entre o primeiro e o quarto ano. Ao fim da tarde, treina os escalões de iniciados e de infantis da secção feminina de andebol da AREPA, onde soma mais 40 alunos. À noite ainda arranja energia para vestir o papel de jogador de andebol da equipa de seniores da Associação Desportiva e Cultural de Benavente (ADCB). “O andebol está ligado à minha vida desde os seis anos, sempre pensei em praticar e ensinar andebol de forma regular”, conclui.

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