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31 anos do jornal o Mirante

Abana mas não cai

Depoimento

Filipe Matias*

“Não vês o nível? Não vês a bolha?”, vociferava um homem na casa dos 60 anos para um taxista, que assistia à cena. Numa rua de Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, uma pequena multidão juntava-se próximo de um prédio a olhar para o alto. “Vai cair! Aquilo vai tudo cair!”, dizia alguém. Eu estava de passagem e ao ver o aparato parei para tentar perceber o que se passava. É verdade que já estou a viver no concelho há alguns anos mas nunca tinha visto uma multidão em choque a olhar para um prédio como vi naquele dia. Não era incêndio, suicídio nem crime. O que era, na realidade, ninguém conseguiu explicar até hoje. O prédio, com uns dez andares, abanava de forma visível e a montra de um dos cafés no rés-do-chão oscilava de uma forma como eu nunca tinha visto. O tempo era de chuva e logo se pensou que as fundações do prédio tivessem cedido a uma movimentação de terras. Entre o aparato chegam os bombeiros. Barreira de segurança. Mais aparato. Protecção Civil. Horas de buscas nos esgotos, prédios vizinhos e condutas. Nada. O comboio passa ao lado do prédio. Pode ser o comboio. Circulação interrompida mas os tremores continuam. Ao fim de mais umas horas o prédio é evacuado. Depois de serem publicadas as primeiras notícias no site online de O MIRANTE aparecem os restantes jornalistas da zona e do país. Ao cair da noite grande parte do povo retorna a casa mas muitos não vão embora sem me perguntarem quando é que poderão ler a reportagem no jornal. Sabem que noutros órgãos de comunicação a notícia também vai sair mas é em O MIRANTE que gostam de a ler. Primeiro porque fomos os primeiros a chegar, porque moramos no concelho e porque somos exigentes connosco próprios. Porque nos esforçamos todos os dias para fazer a diferença com textos que ligam toda a nossa comunidade. Isto não são frases feitas. Basta ler o nosso jornal para perceber que somos diferentes e que fazemos o que outros jornais não têm coragem de fazer: jornalismo à séria. E é isso que nos faz adorar esta profissão. Uma nota final: o prédio não caiu até hoje nem voltou a tremer, já lá vão quase 4 anos.* Jornalista

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