uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Bombeiros de Azambuja já despediram sete

Bombeiros de Azambuja já despediram sete

Presidente da direcção diz que associação paga para transportar doentes

Os bombeiros, que têm a função de garantir o socorro das populações, pagam para transportar doentes. O presidente da direcção da associação dos Bombeiros Voluntários de Azambuja, que já dispensou sete operacionais, diz que o Ministério da Saúde “serviu-se dos bombeiros nos últimos anos para fazer o transporte dos seus doentes” tirando-lhes agora o tapete.

Os Bombeiros Voluntários de Azambuja já dispensaram este ano sete elementos face às graves dificuldades financeiras que a corporação enfrenta. Quatro tinham sido dispensados há alguns meses, como O MIRANTE noticiou, mas a corporação foi entretanto obrigada a rescindir com mais três. Recorde-se que a corporação de Alcoentre, também no concelho, já despediu outros oito bombeiros pela mesma razão.A corporação de Azambuja fica agora com 15 pessoas e teve que reorganizar os serviços para trabalhar com menos recursos humanos, confirma o presidente da direcção, António Duarte. A operacionalidade está em causa, garante o comandante da corporação, Pedro Cardoso, mesmo com os cinco elementos que estão no quartel das oito da manhã às oito da noite e são pagos pela câmara. “Quando mudam os contratos na logística temos picos de acidentes de trabalho. Se tivermos dois acidentes de trabalho e um de viação teremos muita dificuldade em colocar meios no acidente de viação. Não vale a pena tocar a sirene porque a maioria das pessoas trabalha fora de Azambuja”. Nos últimos anos com a ajuda das câmaras e com o serviço que se prestava ao Ministério da Saúde e companhias de seguros os bombeiros garantiam o socorro e salvamento. Com o novo regime jurídico das associações de bombeiros o Ministério da Administração Interna mostrou estar disponível para financiar os bombeiros mas as verbas não cobrem aquilo que as associações pagam ao Estado. “Nós pagamos em taxa social única e em IVA ao Estado cerca de 5.800 euros por mês. O Estado financia a associa em 4.262 euros”, exemplifica. O presidente da direcção da associação, António Duarte, acusa por isso o Ministério da Saúde de nos últimos anos se ter “servido dos bombeiros para fazer o serviço dos seus doentes” tirando-lhe agora o tapete. Os bombeiros pagam para transportar doentes. Há casos em que o custo do transporte para a associação é mais alto do que o valor que o Ministério da Saúde paga. “O transporte de hemodiálise custa à associação 126,62 euros e a associação recebe 84,73 euros. Não se pode andar a financiar o Estado com verbas que não temos”, denuncia. O centro de saúde, que encaminhava 60 doentes por mês, reduziu esse número para um ou dois ou três fruto das limitações ao acesso dos doentes a transporte para tratamento. Como se não bastasse há deslocação destes serviços para entidades que não fazem socorro e salvamento mas apenas transporte de doentes, como é o caso da Cruz Vermelha de Aveiras de Cima que transporta mais pessoas que os Bombeiros de Azambuja e até mesmo de Alcoentre. “Os bombeiros ficam com todo o socorro e salvamento que não dá lucro, que é feito de borla e que é obrigatório por lei. Queremos continuar a fazê-lo mas precisamos de meios”. Os serviços são distribuídos por intermédio de uma plataforma electrónica criada para o efeito mas o comandante da Cruz Vermelha de Aveiras de Cima, José Torres, explica que o núcleo apenas faz mais transportes porque a maioria dos doentes é de Aveiras de Cima. Por outro lado a freguesia está num ponto estratégico do concelho e as indicações são para que os veículos sigam cheios. “Se temos dois lugares vagos passamos em Vila Nova da Rainha de caminho e enchemos o carro”, justifica.No primeiro semestre de 2011 a corporação de Azambuja teve um prejuízo de 36 mil euros e o presidente da direcção da associação prevê que o número ascenda a 84 mil euros no final do ano. Novo quartel não pode ficar no “meio do mato”Os Bombeiros Voluntários de Azambuja ainda não perderam a esperança de conseguir construir um novo quartel, aproveitando os fundos comunitários, mas defendem que o novo edifício não pode ser construído no “meio do mato”. A aspiração da corporação era a de que o quartel fosse instalado num terreno cedido junto à rotunda da entrada norte de Azambuja (sentido Cartaxo - Azambuja) mas o presidente da direcção teme que os bombeiros possam vir a ser instalados mais longe do que aquilo que estava previsto. “Colocar o quartel no meio do mato a mais de três quilómetros do centro da vila não funciona. Não vamos arranjar um autocarro para levar os voluntários. Quando tocasse a sirene já teria passado a oportunidade de socorro”, alerta defendendo a necessidade de uma localização estratégica para o quartel. António Duarte lembra que cada vez mais há dificuldade em arranjar voluntários. “Não vejo jovens a vir para o voluntariado sem garantia de trabalho. As pessoas prestam voluntariado quando têm horas livres. Como esta lógica está invertida face à crise cada vez há menos pessoas a fazer voluntariado”.Para a obra do novo quartel a associação teria que entrar com 30 por cento do investimento o que seria suportado com a entrega do actual edifício que funcionaria como moeda de troca. A obra rondará o milhão e 200 mil euros, comparticipados pelo QREN. “Se deixarmos passar os fundos de 2013 dificilmente vai ser possível fazer o quartel”, lamenta António Duarte.O presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Joaquim Ramos, disse a O MIRANTE que está a ser feito um plano de pormenor da frente urbana de Azambuja e estão a ser equacionadas diversas localizações, acrescentando que tudo dependerá também da dimensão do quartel. “É preciso ver também se a zona é inundável”, alertou.
Bombeiros de Azambuja já despediram sete

Mais Notícias

    A carregar...