uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Só metade dos bebés dos concelhos servidos pelo hospital nascem em Vila Franca

Só metade dos bebés dos concelhos servidos pelo hospital nascem em Vila Franca

A unidade, onde se fazem 1150 partos por ano, está preparada para receber ainda mais “clientes”

Só metade dos bebés dos cinco concelhos servidos pelo Hospital Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira, nascem na cidade. A maternidade melhorou as condições e quer atrair mais “clientes”. O serviço garante epidural dia e noite, tem camas articuladas mais confortáveis e mais especialistas com uma nova filosofia de abordagem do parto e da dor.

No Hospital de Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira, nascem menos de metade dos bebés dos cinco concelhos servidos por aquela unidade de saúde (Alenquer, Azambuja, Benavente, Arruda dos Vinhos e Vila Franca de Xira). O coordenador do serviço materno-infantil do hospital (que abrange o serviço de ginecologia, obstetrícia e pediatria), Mário Paiva, quer inverter a situação atraindo novos “clientes”.A maternidade, que foi sujeita a obras de melhoramentos em 2008, tem um óptimo rácio de enfermeiros e médicos por parto, confirma o médico que é também director do serviço de pediatria. Com a abertura do novo Hospital, que deverá entrar em funcionamento em 2013, a melhoria das condições será potenciada a grande escala mas até lá os responsáveis do hospital estão empenhados em ocupar mais camas na maternidade onde nascem por ano 1150 bebés.“É mais seguro parir aqui do que em outros hospitais. Temos dois médicos e duas parteiras para tomar conta de três ou quatro partos por dia. Há hospitais que têm cinco médicos mas têm que tomar conta de vinte partos”, confirma o director do serviço de obstetrícia, Rui Costa.Muitas mulheres que trabalham em Santarém ou em Lisboa são acompanhadas por médicos daquelas cidades e acabam por preferir dar à luz perto ainda que muitas vezes o parto não seja feito pelo clínico que as acompanha. Outras preferem aproveitar os seguros beneficiando dos serviços de um hospital privado. “Ter o anestesista e o pediatra na ponta do telefone não é a melhor solução porque podem demorar meia hora a chegar e os bebés não gostam de esperar para nascer”, ironiza.A epidural, que retira as dores do parto promovendo também o bem estar fetal, já pode ser oferecida às mulheres dia e noite no hospital de Vila Franca. Este tipo de anestesia já existia no serviço há 15 anos mas apenas a 40 por cento. Entretanto a lacuna foi superada há ano e meio com mais profissionais. “Esta foi uma das grandes conquistas do hospital”, analisa Mário Paiva. As camas são articuladas o que facilita o trabalho dos anestesistas na aplicação e vigilância da epidural. O serviço tem nove médicos e 19 enfermeiros, oito dos quais especialistas. “As enfermeiras especialistas são mais e mais novas e possuem uma nova filosofia de abordagem da dor e do trabalho de parto com mais calma e mais sossego”, explica Rui Costa. Durante o trabalho de parto é comum ver as mulheres percorrer os corredores do serviço. “Há equipamento de longo alcance para monitorizar o bebé e as mães podem andar a passear”, ilustra. Outros métodos de relaxamento, como o uso de uma bola de pilates, também são aplicados.Vinte e oito por cento dos partos do hospital são cesarianas. Actualmente existe uma sala de partos com duas marquesas e um bloco operatório. No novo hospital será possível concentrar o trabalho de parto, do princípio ao fim, na mesma sala onde a mulher terá mais privacidade.O serviço dá a possibilidade aos pais de acompanhar o parto, o que acontece em 50 por cento dos casos. Alguns são afastados pelas mulheres. Há quem não aguente e fuja. Outros desmaiam. “Ficam desmaiados enquanto estamos a fazer o parto e depois de tratar da mãe vamos tratar do pai”, diz com um sorriso Rui Costa, director do serviço de obstetrícia há cinco anos. “Queremos ter mais clientes e por isso melhorámos a questão da hotelaria”, salienta. “As casas de banho não são novas mas o que é certo é que aqui estão num meio muito mais familiar do que noutra maternidade maior”, continua Mário Paiva. Os dois médicos confirmam que há um aumento das mulheres com gravidez mal vigiada que faltam a consultas e não fazem os exames necessários em alguns casos por falta de recursos financeiros. “Quem vem de uma aldeia de Azambuja tem que apanhar o autocarro e depois o comboio para fazer exames, análises e ecografias. Tudo isto dificulta a vida a quem tem dificuldades. Também está mais difícil faltar aos empregos”, reconhece o obstetra Rui Costa. No serviço, onde existe um ecógrafo novo, poderá ser feita em breve a vigilância da gravidez desde o diagnóstico pré natal. A partir de Março deverá também ser criada a consulta de medicina ligada à obstetrícia de controlo de diabetes e outras patologias.Meio milhar de interrupções voluntárias da gravidezMais de meio milhar de Interrupções Voluntárias da Gravidez (IVG) foram realizadas no Hospital de Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira, em 2011 dando cumprimento a uma opção da mulher permitida por lei. A procura aumentou ligeiramente relativamente a 2010.O número de utentes menores é residual mas existe e nestes casos a grávida tem que ser acompanhada pelos pais ou alguém responsável. O acompanhamento psicológico está previsto mas raramente é solicitado. Seja no caso de menores seja no caso de adultas. Os responsáveis alertam também para a perversidade que existe no caso de mulheres que recorrem à IVG como “método contraceptivo”.Mulheres da Guiné vêm dar à luz a Vila Franca Há muitas mulheres a viajar da Guiné Bissau para dar à luz no Hospital de Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira, procurando assim melhores condições sanitárias para o nascimento dos bebés que não encontram no seu país de origem. A situação é confirmada pelos responsáveis do serviço de obstetrícia e pediatria daquela unidade de saúde.“Como há muitos imigrantes a residir no concelho as mulheres escolhem Vila Franca de Xira por terem algum apoio familiar nas redondezas”, revelam os responsáveis do hospital. Não são só mulheres de origem africana a parir no hospital de Vila Franca de Xira. Muitos dos bebés que ali nascem são filhos de pais naturais da Europa de Leste e do Brasil. Uma realidade que decorre do elevado número de imigrantes a residir e a trabalhar num concelho localizado às portas de Lisboa.
Só metade dos bebés dos concelhos servidos pelo hospital nascem em Vila Franca

Mais Notícias

    A carregar...