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Inabalável Manuel Serra d’Aire

Mudei-me nos últimos dias para Vila Franca de Xira e ando derreado da coluna de tanto andar dobrado à procura do envelope com 10 mil euros que um incauto cidadão perdeu, após ter levantado o dinheiro do banco para comprar um carro. Infelizmente para mim não encontrei nada de especial. No chão da cidade abundam beatas de cigarros, caganitas de cão, bosta de cavalo e maços de tabaco vazios, mas de papel, graveto, pilim, nada! E a verdade é que ninguém sabe onde pára a maçaroca. Há quem diga que o ministro das Finanças foi visto por aquelas bandas nesses dias - tal como tu juras que viste o omnipresente ministro Relvas debaixo da carpete da tua sala - mas mesmo tendo em conta o voluntarismo do ministro Gaspar no que toca a esbulhar-nos as poupanças, não há provas que o liguem ao desaparecimento dos 10 mil euros. Outro caso demonstrativo da boa fé que ainda assiste a alguns portugueses é o do indigente de Azambuja que foi multado por ter tapado um buraco numa estrada de terra batida com entulho de obras. Vinte mil euros foi a pastilha aplicada pela zelosa Inspecção Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território. Que se construa nas arribas e nas dunas, que corram esgotos a céu aberto dentro das nossas cidades, que se despeje entulho por tudo quanto é sítio ainda vá que não vá. Agora um fulano substituir-se às chamadas entidades competentes e tapar um buraco sem um projecto de obras e sem o parecer de pelo menos três repartições públicas era o que faltava! É a existência de entidades como a Inspecção Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território que dão sentido à vida, que indiciam que Deus existe mesmo e que nos provam que a lei da selva ainda não chegou ao nosso país. Quem pensa que pode andar por aí a tapar buracos de forma impune que se acautele. Eu, pelo sim pelo não, já ando a tratar das licenças.Quero também deixar aqui uma menção honrosa para o presidente da Câmara da Golegã, Veiga Maltez, por ter cumprido a promessa de proibir o trânsito nas estradas rurais do concelho entre as sete da tarde e as sete da manhã. Quem gosta de ir namorar para o meio do milho pela calada da noite já sabe: tem que ir tratar dos dísticos para poder circular senão arrisca-se a ser confundido com ladrões de cobre e a ser importunado pelos fiscais a meio de alguma declaração de amor. E não se esqueçam da licença para tapar buracos.Quem também gosta de nos surpreender de vez em quando é a Câmara de Mação, que decidiu promover o concelho a catedral do presunto, depois de ter descoberto que o título de capital do presunto pertencia a Barrancos e que esses alentejanos são danados para a porrada e até matam toiros na arena. Não sei se nas missas em Mação já se está a servir umas lascas de presunto autóctone com a hóstia da comunhão, aproveitando assim para promover o produto e chamar mais gente à igreja. Se não estão fiquem com a ideia, de borla, deste vosso admirador confesso.Saudações carnavalescas do Serafim das Neves

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