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Jovem que a CDU não queria a estagiar na câmara diz que os estágios são uma tábua de salvação

Jovem que a CDU não queria a estagiar na câmara diz que os estágios são uma tábua de salvação

Diana Catarino, 25 anos, vai passar o próximo ano na Câmara Municipal de Vila Franca

A CDU votou contra a entrada de dois estagiários na Câmara de Vila Franca de Xira por considerarem que esta é uma forma de usar mão-de-obra barata. Mas para a estagiária Diana Catarino, que teve a sorte de os restantes autarcas votarem a favor, o estágio é uma oportunidade de ganhar experiência e até conseguir um emprego quando as empresas cada vez mais fecham as portas a estágios profissionais.

Diana Margarida Catarino entrou num segundo estágio na Câmara de Vila Franca de Xira como uma forma de abrir portas para um emprego que está difícil de encontrar. A jovem de 25 anos conseguiu esta oportunidade graças aos socialistas que governam a autarquia e aos vereadores da coligação Novo Rumo que votaram a favor e com a CDU a votar contra o estágio desta recém-licenciada e de outro colega. Na altura os comunistas justificaram o seu voto contra dizendo que os estágios não devem servir para utilizar mão-de-obra barata. Diana já tem a experiência que ingressar no mundo do trabalho é cada vez mais difícil. Tal como acontece com quase todos os seus amigos. Estudou em Vila Franca até ao nono ano, frequentou a escola secundária e artística António Arroio nas Olaias em Lisboa e licenciou-se em arquitectura. Esteve um ano em São Paulo (Brasil) em intercâmbio escolar. É hoje mestre em arquitectura e vai passar o próximo ano a estagiar no departamento de Planeamento, Gestão e Qualificação Urbana da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. É a segunda vez que estagia naquele departamento. A primeira, há um ano atrás, serviu para terminar o curso e carimbar a sua entrada na Ordem dos Arquitectos. Este ano é para ganhar experiência.“Tenho a teoria mas falta-me a prática. No mundo do trabalho as coisas não se passam sempre como se ensina na faculdade. Por isso pedi à câmara o estágio e estou a aprender imenso, tenho um grupo que me apoia e que está a fazer desta experiência um excelente contacto com o mundo do trabalho”, conta a O MIRANTE. Ao mesmo tempo que solicitou o estágio na câmara pediu a outras empresas do concelho. Mas o trabalho não abunda e mesmo as empresas já torcem o nariz aos estágios remunerados. Apenas lhes interessam estágios não remunerados, onde os jovens pagam para trabalhar. “Tenho muitos amigos que andam de estágio em estágio. É uma tristeza. No meu caso é diferente porque acabei o curso este ano e estou a começar agora a trabalhar. Mas não podemos ficar chocados com isso, é a realidade que temos”, conta. Mesmo auferindo um rendimento bem mais baixo que os funcionários da autarquia, Diana diz ser uma privilegiada face aos amigos. Diz que se não tiver sorte como arquitecta mudará de profissão. Mas tudo depende do futuro. Está a começar a tirar outra licenciatura, em direito, para complementar a arquitectura. As estatísticas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) mostram que em Portugal 17 por cento dos jovens estão desempregados e que, até ao final do ano, um em cada cinco licenciados não terá trabalho. “Qualquer trabalho que se faça é importante. Não se pode é estar parado. Não tenho medo de ficar uma eterna estagiária. Se isso acontecer tenho boa capacidade de adaptação e não tenho medo de procurar outras soluções lá fora. Mas para já estou satisfeita e a fazer aquilo que quero e gosto”, garante. No mesmo dia em que Diana começou o seu estágio também Miguel Ângelo Falcão, de 40 anos, começou a estagiar no departamento de administração financeira da câmara, depois de concluir uma formação superior.
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