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Clientes jovens são a esperança para a revitalização do mercado municipal de Benavente

Clientes jovens são a esperança para a revitalização do mercado municipal de Benavente

Vendedoras apostam na qualidade e junta de freguesia faz actividades para dinamizar o espaço

Há muito que o comércio tradicional entrou em crise com o aparecimento das grandes superfícies comerciais. O mercado diário de Benavente não escapa à regra. Nada que desanime as vendedoras que já perceberam que podem conquistar clientes com uma relação de proximidade e com os produtos que são criados naturalmente, sem químicos. A Junta de Freguesia de Benavente também está a dar uma ajuda através da dinamização do mercado uma vez por mês.

É sexta-feira e o mercado municipal de Benavente está tranquilo. Não há azáfama. Metade das bancas está por ocupar. Os vendedores vão atendendo os clientes de sempre e mal entra uma cara nova é logo chamada a ver os produtos que estão em exposição. Existe apenas uma peixeira e cinco bancas com fruta e hortaliça. As sextas-feiras e os sábados costumam ser os dias mais fortes, mas pouca gente se vê mesmo nestes dias da semana. Desde que os supermercados começaram a surgir no concelho na década de 90, acabaram-se as filas que chegavam à rua. Há muito que os mercados tradicionais estão em crise, mas existem cada vez mais pessoas preocupadas com a alimentação que estão a voltar-se para os produtos da terra. Conceição Ramalho, de 64 anos, pega numa tangerina para mostrar que foi colhida recentemente. “Temos produtos muito bons e aqui as pessoas sabem que tudo o que compram tem qualidade”, refere. Os clientes também não mexem muito na fruta ou na hortaliça, o que garante mais higiene em relação aos supermercados. Apesar da crise a vendedora não teme o futuro. E acredita que os clientes não vão virar definitivamente as costas ao mercado. Se uns desaparecem há outros que agora começam a voltar-se para estes locais de venda em busca dos produtos locais produzidos em hortas. “Tenho cada vez mais homens a virem ao mercado com os filhos ao sábado de manhã”, acrescenta. As vendedoras, como Leonor Ramalho, de 69 anos, acreditam que os jovens podem ser a tábua de salvação do mercado. A vendedora confessa que têm aparecido nos últimos meses cada vez mais jovens. Para cativar os novos clientes, a vendedora oferece sempre um ramo de ervas aromáticas para ajudar nos temperos. A ideia de que nos mercados os produtos são mais caros é desmistificada por Irene Dias. E exemplifica com um quilo de cebolas que ali custam 60 cêntimos e num supermercado de Benavente estão a 79 cêntimos. “O que precisamos é de mentalizarmos as pessoas para comprarem mais coisas da terra, criadas naturalmente”, nota. A vendedora acredita que as pessoas preferem a fruta dos supermercados por ser “maior” e mais “brilhante”, o que em seu entender se consegue com o uso de mais químicos na produção. “Não me lembro de tomar um comprimido ou de estar doente. Tenho uma saúde de ferro porque a minha alimentação é feita à base dos produtos que planto no meu quintal”, acrescenta. Para ajudar a dinamizar o mercado, a Junta de Freguesia de Benavente começou a organizar feiras mensais no primeiro andar do mercado, no último sábado de cada mês. As colectividades e os artesãos do concelho podem expor os seus trabalhos neste dia e os vendedores do mercado que estão no piso térreo permanecem abertos todo o dia. “O nosso objectivo é trazer cada vez mais gente ao mercado para consumir os nossos produtos locais e regionais e assim ajudarem a nossa produção”, explica a presidente da junta, Leonor Parracho, que mantém a esperança de revitalizar o mercado. Com a mudança da junta de freguesia para as traseiras do mercado municipal que deverá acontecer ainda este ano, a presidente acredita que o número de clientes também vai aumentar.“Mãe da Praça” conta já com 56 anos de mercadoLeonor Ramalho começou a vir diariamente de Salvaterra de Magos para o mercado municipal de Benavente aos 13 anos com a mãe numa carroça. Só vendiam o que cultivavam no quintal. Casou aos 27 anos e aos 30 já tinha uma banca própria. Hoje com 69 anos continua na sua banca e é considerada a mãe da praça. Há cinco meses teve um enfarte e passou alguns dias internada. No hospital dava por si a conversar com os clientes de sempre como se estivesse no mercado. A filha pediu-lhe para deixar o trabalho, mas a mãe da praça nem quer ouvir falar em tal coisa. “Por morrer uma andorinha não acaba a primavera e não é por eu ter estado doente que vou desaparecer do mercado”, diz com uma alegria contagiante. Tem clientes que continuam consigo desde que se iniciou no mercado. Por lá vai continuar, enquanto as forças deixarem.
Clientes jovens são a esperança para a revitalização do mercado municipal de Benavente

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