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Fortes das Linhas de Torres usados para churrascos e como pistas de motocross

Fortes das Linhas de Torres usados para churrascos e como pistas de motocross

Vandalismo e desconhecimento ameaçam património histórico com 200 anos

Há fortes das Linhas de Torres no concelho de Vila Franca de Xira que estão degradados e vandalizados. Um já ardeu quando alguém se lembrou de fazer um churrasco no interior. Outro é usado como pista de motocross. A vigilância é difícil e o desconhecimento da importância daquele património potencia o vandalismo.

Alguns fortes que integravam as antigas Linhas de Torres no concelho de Vila Franca estão vandalizados e um até é usado como pista de motocross. Os monumentos encontram-se em locais isolados e num deles já se registou um incêndio, quando alguém se lembrou de fazer um churrasco no seu interior. Num outro, em Vialonga, os vândalos usam o paiol como rampa de motocross. Além destes há casos de pedras que são arrancadas por pessoas que as usam para fins decorativos em casas ou nos jardins e suspeita-se que algumas até sejam vendidas. Também há fortes transformados em depósitos de entulho.A maioria das situações de degradação e vandalismo deve-se à falta de meios de vigilância, podendo em algumas situações atribuírem-se culpas ao desconhecimento por parte das pessoas da importância histórica deste património. Os casos de degradação verificam-se sobretudo nas estruturas que se encontram em propriedade privada e onde a câmara municipal e as entidades militares pouco mais podem fazer do que apelar à sua conservação. Um exemplo de conservação é do forte que está nos terrenos da Central de Cervejas, em Vialonga, que está em bom estado. No lado oposto está a Cimpor, que tem dois fortes junto à pedreira de Alhandra e qualquer um deles está degradado e em risco de ruína.“A maioria das pessoas não sabe da importância que têm estes fortes e desconhecem por completo a beleza deste património”, frisou Catarina Conde, arquitecta paisagista da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira a O MIRANTE. Os percursos pedestres das linhas de torres, criados no ano passado, foram o mote para mais uma sessão das “Tardes de Conversa” do núcleo museológico de Alverca do Museu Municipal. A criação dos percursos pedestres, por parte da câmara, ajudou a minorar os casos de vandalismo e permitiu inventariar o património e a flora existente. “Pouca gente sabe mas estamos ao nível da serra da Arrábida no que toca à variedade de flora e fauna existente em toda a zona”, informou Catarina Conde. Actualmente as rotas pedestres das linhas de Torres contemplam a passagem por 24 fortes e uma paisagem natural que, por momentos, faz o visitante esquecer que se encontra num concelho urbano às portas de Lisboa. Ainda assim a falta de informação continua a deixar algumas pessoas arredadas destes passeios. “Antes das comemorações dos 200 anos das linhas não se via ninguém naqueles percursos. Uma vez encontrei um grupo de quatro ingleses que vieram visitar e percorrer as linhas de Torres. Mas não tinham qualquer informação, não havia indicações. Acabei por dar-lhes a minha documentação”, revelou Catarina Conde. Ainda hoje falta sinalética no local, que está pensada mas a aguardar financiamento. As Linhas de Torres foram estruturas militares construídas entre 1809 e 1812 para defender a nação portuguesa dos exércitos invasores franceses de Napoleão Bonaparte.
Fortes das Linhas de Torres usados para churrascos e como pistas de motocross

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