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Judiciária diz que roubos de peças históricas vão aumentar por causa do valor dos metais

Judiciária diz que roubos de peças históricas vão aumentar por causa do valor dos metais

Para a Polícia os ladrões não imaginam importância das peças como os dois canhões do século XIX do Palácio do Sobralinho

Quem rouba peças históricas em metal fá-lo pelo valor do metal e não pelo valor patrimonial, ao contrário do que acontece por exemplo com obras de arte, como é o caso do desaparecimento de dois mil azulejos em Vialonga. A Polícia Judiciária está consciente que a crise económica e o valor que os metais atingiram vão trazer um agravamento dos roubos.

O número de peças de património histórico roubadas, de ferro e bronze, tende a aumentar devido à crise e aos valores que os metais atingiram no mercado. Exemplo disso é o roubo há uma semana de dois canhões do fortim do Palácio do Sobralinho, Vila Franca de Xira, com elevado valor histórico. As peças com 200 quilos cada, em ferro maciço, valem milhares de euros atendendo só aos preços do metal. Este é só um caso de muitos que têm acontecido no concelho nos últimos anos. Normalmente as obras de arte e peças de património histórico roubadas na zona não chegam a aparecer e mesmo quando isso acontece necessitam de um restauro.Segundo a Polícia Judiciária (PJ), no último ano foram registados no concelho três roubos de património valioso, podendo haver mais casos mas que não chegam a ser comunicados às autoridades pelos lesados. Entre as ocorrências contam-se os dois mil azulejos do século XVII, avaliados em 40 mil euros, que foram roubados da capela do Hospital da Flamenga em Vialonga e o desaparecimento de um sino de uma capela. Apesar dos casos terem representado o desaparecimento de obras valiosas do concelho a verdade é que, do ponto de vista das investigações, os autores dos assaltos pertencem a grupos diferentes como explica a O MIRANTE Óscar Pinto, inspector da Polícia Judiciária.“No caso dos canhões estamos perante aquele tipo de furto que vamos com certeza encontrar mais vezes de ora em diante, que é o roubo por causa do ferro. Quem rouba os canhões é o mesmo tipo de criminoso que rouba o cobre das linhas telefónicas e as tampas de esgoto. Não é um criminoso que tenha conhecimentos do valor da obra”, refere. Na maioria dos casos estes objectos acabam desfeitos, derretidos e seguem para o estrangeiro. “Sobretudo Espanha e China”, afiança a PJ. A realidade é que se os bens não forem encontrados uma semana depois do furto há poucas esperanças de os reaver. “Basta ver os sinos que são furtados das torres ou dos campanários das igrejas. São atirados para o chão e levados. Isso indica que são ladrões que estão apenas atrás do ferro ou do cobre, e não de grupos interessados em vender a peça”, explica o inspector.Outro caso diferente é o roubo de arte sacra e azulejos, onde os ladrões sabem o valor das peças. Em Vialonga o desaparecimento dos azulejos só foi detectado por mero acaso, quando um grupo de alunos de uma escola da freguesia realizava uma visita de estudo à capela do antigo sanatório, abandonado há vários anos. Ao abrir a porta professores e alunos depararam-se com um buraco na parede das traseiras da capela, local por onde os larápios entraram. No chão foram encontrados, além de azulejos partidos, velas, decapantes, mantas e outros produtos usados pelos assaltantes para retirar os quase dois mil azulejos do século XVII que retratavam a vida do mártir Santo António. Só a imagem do santo se salvou no templo.“O programa SOS Azulejos, da PJ, tem sido um sucesso e desde 2006 temos baixado o número de casos. No último ano tivemos cinco crimes registados de roubo de azulejos, incluindo o de Vialonga”, refere. Estes roubos são facilitados muitas vezes pelo abandono dos edifícios e relançam a discussão à volta da forma como o património histórico no concelho de Vila Franca de Xira é protegido e preservado. Um pouco por todo o concelho encontram-se quintas e capelas ao abandono, com pouca vigilância e poucos moradores nas proximidades capazes de dar o alerta às autoridades.Inventariar património e protegê-lo melhor é fundamentalInventariar o património existente e, acima de tudo, fotografá-lo e documentá-lo é essencial para ajudar a encontrar as peças em caso de furto. “Se esse trabalho for feito temos mais referências para poder investigar”, informa a Judiciária. A polícia diz também que é preciso os proprietários de peças em ferro ou bronze “protegerem-nas melhor” face ao cenário que se avizinha.
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