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Foi você que pediu sável com açorda de ovas?

Empresários da restauração defendem que é preciso continuar a promover um prato típico que é único

De Março até ao fim de Abril o sável frito com açorda de ovas é rei na mesa dos restaurantes de Vila Franca de Xira. Este ano há mais estabelecimentos a oferecer o prato típico da região que é também muito procurado por quem vem de fora.

Bento Amaral Marques, 47 anos, proprietário do restaurante “Golfinho Branco”, AlhandraA proximidade de Lisboa é uma vantagemA maioria dos clientes do restaurante “Golfinho Branco”, em Alhandra, é da zona mas também há quem venha da área de Lisboa e Cascais para provar o típico sável. O proprietário do restaurante, Bento Amaral Marques, situado ao lado da Junta de Freguesia de Alhandra, admite que a proximidade com Lisboa é uma vantagem que outras localidades não possuem. Quem entra no restaurante sabe quase sempre o que vai comer. O pior são os mais novos que torcem o nariz àquele prato tradicional. “Vamos tendo alguma rapaziada de Alhandra que gosta de comer”, ressalva. No restaurante que dirige, o sável é apresentado tal como manda a tradição: com açorda de ovas. Mas há clientes que já preferem o sável grelhado. “E quando o cliente pede nós fazemos. São as únicas formas de comercializar um prato que é típico”, conclui o empresário reconhecendo que a iniciativa do mês do sável é importante para dinamizar a restauração no concelho de Vila Franca.José Maria Canoa, 60 anos, proprietário do restaurante “A Canoa”, Vila Franca de XiraÉ preciso aprender a gostar do sávelPara apreciar o sável é preciso consumi-lo com frequência e aprender a gostar, diz José Maria Canoa, proprietário do restaurante “A Canoa”, em Vila Franca de Xira. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. “Os jovens ignoram não só este mas qualquer prato que seja mais típico. Muitas vezes tem a ver com a alimentação a que se vão habituando”, analisa. É por isso “impensável” receber na sua casa um grupo de jovens para comer sável. Em contrapartida os adultos não faltam. “Temos gente de muitos lados e ainda esta semana tivemos um grupo que veio do Barreiro de propósito para comer sável”, diz com orgulho. O empresário garante que quem gosta pede o prato sem olhar para a ementa. O segredo do sucesso está na preparação. “Muita gente não aprecia porque é mal preparado”, assegura. Para o seu negócio a crise económica é mais prejudicial que a proximidade com Lisboa. A campanha ajuda a promover o prato típico e tem sido um sucesso. “Já começa a ter efeitos a avaliar pela quantidade de pessoas que nos visita”.Ana Maria Jesus, 46 anos, proprietária do restaurante “A Floresta”, AlhandraIncentivar o gosto pelo peixe e preservar um valor gastronómicoOs mais novos torcem quase sempre o nariz ao sável e preferem os bitoques ou os hambúrgueres. Quem o diz é a proprietária do restaurante “A Floresta”, em Alhandra, Ana Maria Jesus, que considera uma pena que não se incentive o consumo deste prato. “Se os mais novos não se habituarem a consumi-lo perde-se um valor gastronómico”, diz a empresária que recorda o tempo em que os pais apanhavam sável em Alhandra. No restaurante, que aderiu pela primeira vez à campanha, o prato é cozinhado como manda a tradição. “O peixe tem de estar cortado muito fino e tem de ficar numa marinada de limão e alho para ser perfeito. Depois é frito e servido com as ovas”. Ana Maria Jesus admite que a proximidade com Lisboa é uma vantagem. Há muita gente que vem de fora provar. “A maioria diz que gosta e adoro ouvir isso porque sei que levam boas referências deste prato nosso e poderão voltar”. Considera a iniciativa importante para dinamizar os restaurantes do concelho e convida quem não conhece a aparecer para provar.Ricardo José Leal, 30 anos, proprietário do restaurante “Refúgio d’El Rei”, Vila FrancaProvar um prato típico e aproveitar para conhecer o museu Muitos clientes que se sentam à mesa do restaurante “Refúgio d’El Rei”, em Vila Franca de Xira, pedem sável para provar uma iguaria que desconhecem. “A maioria dos consumidores de sável vem de fora e quer provar. Sabemos isso porque temos um questionário e vamos anotando as reacções. A maioria gosta”, assegura o proprietário Ricardo José Leal que tem clientes de vários concelhos. Muitos vão ao museu ao fim-de-semana e aproveitam para degustar o pitéu. Ricardo José Leal considera que a campanha do sável é importante já que promove um produto único. “Temos de apostar no que é nosso e mostrar esse produto o melhor possível para que as pessoas voltem”. O empresário considera que os jovens optam muitas vezes pelo bitoque porque ainda não foram habituados a consumir este prato típico. “Tem que apostar-se numa boa publicidade e as pessoas têm de perder o medo de experimentar a verdadeira gastronomia da região. Isto é o que temos de melhor”, diz o empresário que participa pela primeira vez na campanha.

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