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Biblioteca do antigo Liceu de Santarém contém “raridades” que esperam “mecenato esclarecido”

A biblioteca da Escola Secundária Sá da Bandeira (ESSB), em Santarém, contém algumas “raridades”, como uma edição contemporânea (de 1683) da colecção dos “Sermões”, do padre António Vieira.Fundada em 1843, então como Liceu Nacional de Santarém, a ESSB guarda na sua biblioteca edições que remontam a 1600, com alguns exemplares raros, como as obras de Cícero ou os “Sermões”, e um “núcleo ultramarino” que, sublinha a sua responsável, merecia ser estudado. “É uma biblioteca fabulosa. Quem aqui vier fica fascinado. Não pode deixar de ficar”, disse à agência Lusa Celeste Lopes, a professora que dirige a biblioteca.“Quando se vê o filme do Manoel de Oliveira (‘Palavra e Utopia’, de 2000) e se vê o padre António Vieira a cuidar da edição dos ‘Sermões’, vejo o filme e vejo aqueles livros, a que falta o 9.º volume, a série ‘Rosa Mística’ (mandada retirar pela Inquisição)”, afirmou.Celeste Lopes manuseia com cuidado os exemplares raros que dão sinais de deterioração, falando com entusiasmo do acervo de que se tornou responsável em 2010, após uma “pequeníssima formação”.Entre os perto de 20.000 volumes que se repartem entre a sala aberta aos alunos (com perto de 5.000 livros) e o espaço reservado (que tem gosto em mostrar a quem quiser conhecer as “preciosidades” da biblioteca), são muitos os que se distinguem pela encadernação, dando sinal da sua antiguidade.Da literatura, sobretudo portuguesa, mas também francesa, inglesa e em latim, às ciências, nomeadamente naturais, com trabalhos de gravura “notáveis”, à história, a biblioteca do antigo liceu de Santarém contém ainda inúmeros exemplares bem ilustrativos do Estado Novo.Os volumes existentes na biblioteca, aliados ao material dos núcleos museológicos de zoologia (com uma colecção de empalhados considerável), física, química e antropologia reúnem, no seu entender, um enorme potencial para a criação de um museu que seria ao mesmo tempo um museu da história do ensino em Portugal.Celeste Lopes vê em todo este material, reunido ao longo de quase 160 anos, também um enorme potencial económico, por exemplo através da venda de pequenas reproduções, o que ajudaria na divulgação ao público.Reconhecendo a dificuldade das escolas nessa matéria, Celeste Lopes lamenta que a recente recuperação feita pela Parque Escolar não tenha sabido aproveitar melhor o potencial da biblioteca, que nem sequer dispõe de vitrines e painéis que permitam ir mostrando as autênticas peças de museu que guarda.Mas a grande batalha é conseguir uma parceria ou um mecenato que permita a realização de um inventário, uma avaliação das “raridades”, como a colecção dos “Sermões”, e a recuperação dos volumes que começam a não resistir ao tempo.“São três passos fundamentais para os quais gostaríamos muito de ter um mecenato, parceiros esclarecidos, instituições que percebam que isto só se faz com tempo”, afirmou.

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