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Jorge Formiga forma atletas e homens no Zona Alta

“Falta uma pista com condições para treinar em Torres Novas e isso obriga a maiores sacrifícios dos atletas, treinadores e do clube”

Jorge Formiga é treinador e formador de jovens atletas na União Desportiva da Zona Alta, orgulha-se do seu trabalho mas recusa protagonismo. Foi o entusiasmo de ver, quando tinha 11 ou 12 anos, Carlos Lopes, Fernando Mamede e outros grandes atletas nacionais a vencerem provas nos mundiais e nos Jogos Olímpicos que o trouxe para o atletismo e que lhe ficou no coração. “É para o desenvolvimento dos jovens e da modalidade que dirijo todos os meus tempos livres”.

O atletismo apareceu na vida de Jorge Formiga quando era ainda muito jovem. “Tinha os meus 11 ou 12 anos e vi com grande entusiasmo e admiração as prestações dos grandes atletas portugueses, Carlos Lopes, Fernando Mamede e outros, nos Campeonatos do Mundo, da Europa e sobretudo nos Jogos Olímpicos, e comecei a pensar como seria bom praticar a modalidade e chegar perto deles”.Foi aí que tudo começou. “Em Minde não havia atletismo, e com mais dois colegas começámos a fazer umas corridas e a treinarmos sozinhos. Aos 16 anos fui para a Casa do Povo de Alcanena, foi aí que começou mais a sério. Ao princípio fazia provas de fundo, mais tarde evoluí para as provas de pista. Estive em Alcanena durante muitos anos.Numa altura em que haviam muitos atletas jovens em Alcanena e os treinadores de então não conseguiam dar volta a tudo. Foi então que Jorge Formiga foi convidado a dar apoio ficando responsável por um grupo de atletas dos mais jovens. “Comecei com cinco atletas e entusiasmei-me a vê-los crescer. Vi então que podia ajudar a desenvolver a modalidade, e enquanto corria e treinava fui fazendo cursos ministrados pela Federação Portuguesa de Atletismo, hoje tenho o terceiro grau de treinador, que me permite treinar atletas de todos os níveis”.No seu início como técnico, Jorge Formiga nunca sentiu dificuldades e conseguiu alguns bons resultados. “Nessa altura não haviam tantos professores de educação física como agora, éramos nós os curiosos que nos interessávamos pela modalidade, estudávamos como podíamos e fomos desenvolvendo um bom trabalho com os jovens. Alguns deles transformaram-se em campeões”.Durante os 18 anos que esteve na Casa do Povo de Alcanena, Jorge Formiga fez um pouco de tudo, foi atleta, treinador e dirigente. “Em 2003 mandaram-me embora”. A direcção de então alegou que não tinha dinheiro para continuar.“Foi um ano em que treinei o então jovem Diogo Martins, que fruto do esforço feito chegou a ir ao Campeonato da Europa. Andámos a competir de norte a sul do país e as coisas correram bem. No final do ano recebi uma carta da direcção de então, que na minha opinião quase destruiu o atletismo em Alcanena, a dizer que estava dispensado dos meus serviços, só assim. Pedi uma explicação e o que me foi dito é que tínhamos gasto muito dinheiro. Mas um mês antes de receber a carta, o Diogo Martins tinha conseguido um excelente nono lugar no Campeonato da Europa”, diz ainda com tristeza Jorge Formiga.Jorge Formiga saiu em 2003 da Casa do Povo de Alcanena e ainda chegou a passar pela equipa do Bairro do Anjos, de Leiria. “Treinava apenas um atleta, nunca foi uma ligação de grande afectividade, e quando apareceu o Zona Alta não hesitei”.No Zona Alta o atletismo é uma família muito grandeJorge Formiga está a treinar no Zona Alta desde 2005. “Encontrei aqui um lugar excelente para trabalhar. No Zona Alta o atletismo é uma grande família. É um local onde todos puxam para o mesmo lado, dirigentes, pais, atletas e treinadores esforçam-se para serem cada vez melhores. Não há recriminações, apenas se pensa no clube e no futuro das dezenas de jovens que compõem a equipa”.O técnico também encontrou no Zona Alta um grupo muito bom de atletas que não sabia o que era uma pista. “Comecei a incutir outra mentalidade no clube, aos poucos começámos a fazer um treino por semana no Estádio Municipal. Na altura o espaço exterior ao relvado estava cheio de buracos e de ervas, mas não desistimos e hoje as coisas melhoraram, já não há ervas nem buracos”.Jorge Formiga é um treinador que gosta sobretudo de treinar provas de pista. “As minhas provas preferidas são os 200 e os 400 metros planos e os 400 metros barreiras, sinto-me mais à vontade nas provas até aos 800 metros. E aí tenho tido a sorte de encontrar matéria prima de qualidade. O ano passado André Marques foi campeão nacional em pista coberta e ao ar livre. E a Olga e o Vilar também atingiram bons níveis. Este ano temos o David Sénica, ainda iniciado mas que já está a mostrar muito valor”.Não é fácil motivar um atleta para correr em pista sem ter um local em condições para treinar. “Temos que trabalhar com as condições que temos. O ano passado arriscámos e todas as quartas feiras fomos treinar à pista sintética de Tomar”.Em Torres Novas há vontade de trabalhar, ninguém se refugia no facto de não haver pista sintética para treinar. “Ainda pensamos que há quem esteja pior. Temos uma ‘pista’ de terra, sem condições´, é verdade, mas dá para treinar com algum sossego”, diz Jorge Formiga.Contudo o técnico é de opinião que o trabalho que tem sido feito pelo Zona Alta merecia ser reconhecido, e os jovens atletas já mereciam há muito ter uma pista sintética para treinar. “Penso que nunca houve vontade para colocar um sintético no estádio. Não era preciso uma pista completa , bastava um espaço com sei pistas para se poder treinar com condições. O Zona Alta começou com o atletismo há 33 anos, e durante todo esse tempo houveram muitas possibilidades de fazer a pista, infelizmente e apesar das muitas promessas dos políticos isso foi sendo sempre esquecido”, refere com tristeza o técnico do Zona Alta.Neste momento, para além dos mais credenciados, Jorge Formiga garante que tem em formação mais uma excelente fornada de jovens atletas. “O atletismo é uma modalidade que exige muita dedicação do treinador e do atleta. É essa sensibilidade que eu faço por transmitir aos jovens”. garante. A finalizar a conversa, Jorge Formiga garante que o atletismo no distrito de Santarém é uma modalidade forte. “Trabalha-se bem em vários clubes e na Associação de Atletismo do Distrito de Santarém, há muita gente a trabalhar com gosto e vontade. Por isso não é por acaso que temos muitos e bons atletas internacionais no distrito”.

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