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Apoteótico Manuel Serra d’Aire

Estamos a chegar a mais uma Páscoa e é com veneração que reconheço o esforço que tem vindo a ser feito em Santarém em prol do reforço da boa fama e da visibilidade de alguns dos santos mais emblemáticos da liturgia católica. E nesse campo é justo salientar que o presidente Moita Flores, mesmo sendo maçom assumido, tem-se revelado um cristão caridoso e devoto. Depois de reabilitar as Festas de São José e de ter mandado fazer uma estátua a São Francisco de Assis, encomendou agora mais uma estátua, desta vez de São Paulo.Claro que os críticos do costume logo vieram com a berraria da praxe. Para quê gastar dinheiro em estátuas quando há tanto calote por pagar? E porquê de São Paulo, que não tem ligação nenhuma à cidade? Pois fiquem sabendo que tendo a Câmara de Santarém na sua presidência um escritor fica desde logo estabelecida uma relação corporativa com o santo que foi um dos mais influentes escritores do cristianismo no seu dealbar. Leiam-se as epístolas de São Paulo aos coríntios e leiam-se os escritos de Moita Flores no seu blogue e digam lá se não há relação: ambos homens da escrita, ambos com sentido de missão. Além disso, como os santos da casa não têm feito milagres, há que apostar nos de fora. Pode ser que resulte. Mesmo que Santarém fique conhecida como uma sucursal nacional da brasileira Baía de Todos os Santos.Por falar em milagres, há um que ocorreu recentemente e que não teve a merecida notoriedade. Vê lá tu que o antigo director regional de agricultura do Ribatejo, que é socialista, foi reconduzido pela ministra Assunção Cristas, que, entre outros atributos reconhecidos que não são para aqui chamados, é do CDS. Isto é subverter as regras do jogo partidário e eu compreendo a indignação que por aí paira. Onde é que já se viu nomear um militante do PS com tanto boy democrata-cristão e social-democrata à espera de emprego? Foi para isto que andaram a colar cartazes, a participar em comícios e a bater palmas às baboseiras proferidas pelos seus candidatos? Definitivamente, a tradição já não é o que era.Nesta época de crise profunda, quero destacar o desprendimento dos moradores de uma rua de Rio Maior que está a ser requalificada pela câmara. Rezam as crónicas que os desinteressados habitantes terão protestado junto da câmara porque não querem que ali sejam plantadas árvores, porque fazem sombra, nem colocadas ilhas ecológicas, aquela modernice enterrada no chão onde se despeja o lixo, porque têm medo dos maus cheiros que daí poderiam vir.As reivindicações terão sido provavelmente redigidas à luz de um candeeiro a petróleo com uma velhinha caneta de tinta permanente, enquanto alguns dos signatários suspiravam a lembrar-se dos velhos tempos das lixeiras a céu aberto. E ainda dizem que os portugueses gostam de viver acima das suas possibilidades. Na terra da moca a tradição ainda é o que era e a revolução, definitivamente, não passará.Saudações apostólicas do Serafim das Neves

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