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Jovens aplicam-se na arte de bem falar

Jovens aplicam-se na arte de bem falar

Escola Secundária Maria Lamas, de Torres Novas, promoveu as Olimpíadas da Oratória, uma iniciativa inédita a nível nacional que premeia o bom domínio oral da língua portuguesa.

Pedro Bessa ia lançado, com entusiasmo e garra, na sua prova prendendo a atenção da assistência quando, de repente, e sem que nada o fizesse prever teve uma branca. Mas após a pausa de dois minutos para recuperar a serenidade voltou ao palco e conquistou o júri. O jovem, de 12 anos, da Escola Secundária de Lousada (distrito do Porto) é o novo campeão nacional das Olimpíadas da Oratória do 7º ano.A iniciativa realizou-se na quinta-feira, 22 de Março, na Biblioteca Municipal Gustavo Pinto Lopes, em Torres Novas. As Olimpíadas da Oratória arrancaram o ano passado, apenas a nível local, organizadas pela Escola Secundária Maria Lamas. Como a primeira edição foi um sucesso, a escola decidiu convidar escolas de todo o país. E foi assim que cerca de 40 jovens vieram a Torres Novas mostrar os seus dotes de bem falar em português numa época em que a maioria dos jovens tem uma linguagem muito própria imposta por modas, mas nada que anteriores gerações juvenis não tenham experimentado. Mariana Coelho, 13 anos, campeã nacional do 8º ano, confirma isso mesmo ao afirmar que nas conversas com os amigos o discurso é mais “à balda” e menos elaborado. “Estamos mais à vontade com os amigos e não há a preocupação de falarmos bem, embora seja importante fazê-lo porque ao falarmos correctamente o discurso sai mais embelezado”, justifica.O MIRANTE comprovou que os jovens preocupam-se por falar bem apenas em palco, e mesmo assim, durante as provas, ainda saíram alguns erros gramaticais da boca dos concorrentes. Depois de se sagrar vencedor, Pedro Bessa foi rodeado pelos amigos que o quiseram felicitar. “Ganda cena Bessa”, “Bué da fixe meu”, “És o maior, bacano” foram algumas das expressões utilizadas pelos amigos do vencedor que fariam possivelmente despertar a ira dos puristas da língua.Tanto Mariana como Pedro confessam que tiveram mais cuidado na elaboração do discurso que apresentaram nas Olimpíadas do que quando estão com os amigos. O mesmo se passou com Andreia Carreira, 15 anos, de Porto de Mós, que arrecadou o primeiro prémio do 9º ano. A maneira calma e assertiva com que contou a sua história em palco é “ligeiramente” diferente da forma como fala com os amigos no dia-a-dia. A jovem, que quando for adulta quer ser actriz ou bióloga, defende que todos devemos falar naturalmente mas também devemos respeitar a língua portuguesa e não falar calão. “E não falas calão?”, perguntamos. “Às vezes com os amigos lá escapa um ou outro calão e palavras ditas de forma menos correcta”, confessa.Ideia de que quem é bom é ‘cromo’ tem que desaparecerA ideia de criar as Olimpíadas da Oratória surgiu o ano passado pela mão de José Carlos Reis e Silva, professor da Escola Secundária Maria Lamas. A iniciativa foi um sucesso pelo que a escola decidiu este ano dar-lhe um âmbito nacional. O objectivo das Olimpíadas da Oratória é fazer com que os jovens portugueses falem bem e elaborem um discurso com “cabeça, tronco e membros”. “Percebemos que os nossos jovens têm dificuldade em falar correctamente e também têm dificuldade em interpretar bem o que o outro diz, o que dificulta, e muito, a comunicação. Por isso resolvemos criar esta iniciativa. Eles falam muito através de monossílabos e mensagens curtas e se não falam correctamente também não sabem escrever correctamente. É isso que tentamos ultrapassar com as olimpíadas”, explica José Carlos Reis e Silva. O vice-presidente do Instituto Camões, que também se associou ao projecto, afirma que este é um momento para exercer a reflexão através de discurso pensado. “É uma forma de demonstrar que a nossa juventude é capaz de reflectir e de produzir um discurso coerente sobre algo que lhes são importantes. Este concurso tem essa função”, afirma. Mário Filipe acrescenta que os jovens portugueses têm que ter orgulho em ser bons e que a ideia de que quem é bom é “cromo” tem que desaparecer. “As Olimpíadas pretendem passar essa mensagem”, esclareceMariana Brazão, da Escola Secundária de Albufeira, foi a campeã do 10º ano, Catarina Gonçalves, da Escola Secundária Maria Lamas, de Torres Novas, venceu no 11º ano e Marcelo Gordinho, da Escola de Albufeira arrecadou o prémio do 12º ano .
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