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Folclórico Serafim das Neves

Fiquei sinceramente orgulhoso ao ver a manifestação de sábado passado em defesa das freguesias contra esse devorador do território chamado Miguel Relvas. Melhor que uma manifestação das freguesias só mesmo uma manifestação das aldeias mas nessas nem a Troika se atreve a mexer porque em vez de folclore ia ter varapau nos lombos e calhoada à descrição que até fervia. Aquilo fez-me lembrar os velhos tempos do piquenicão em que ranchos folclóricos de todo o país fandangavam, viravam e reviravam horas a fio enquanto o resto do pessoal comia sandochas de presunto acompanhadas a goladas de bons tintos caseiros directamente do garrafão. É nestas altura que sinto a minha costela mais popular a vibrar. Gostei de ver o povo freguês do Ribatejo a espezinhar as ruas de Lisboa e só não percebo porque não levaram para lá os nossos toiros bravos também. Para eles era uma distracção e a manifestação decerto que ficaria muito mais animada.Eu pela minha freguesia era capaz de dar a vida. O Relvas pode tirar-me o médico de família, o 13º mês e o subsídio de férias, aumentar impostos e diminuir regalias mas não me toque na freguesia porque se não eu vou-me a ele, caraças. O que é um homem sem freguesia Serafim? O que é, diz-me meu velho amigo??!!! Eu só de imaginar a extinção da minha querida freguesia dá-me cá uma dor na alma que até deixo de ver bem. A freguesia é como um útero materno territorial. Perder a nossa freguesia é como perder a nossa própria mãe. Os da Troika não percebem isto porque são frios e calculistas como o gelo. Não têm alma. Para eles é tudo uma questão de negócios. Vendem as mães se for preciso para equilibrar as contas do país. E o Relvas é como eles. Uma outra manifestação da nossa grandeza enquanto povo é o regresso do velho e bom bairrismo que tão arredado andava das nossas vidas. Fiquei a saber que nas festas de Verão deste ano não vamos ter artistas estrangeiros de Lisboa e Porto. Vamos ter a chamada prata da casa que por mim bem se podia chamar o ouro da casa. Pessoas de grande recorte artístico que eram injustamente ostracizados por câmaras e comissões de festas dominadas por intelectualizes da batata. A minha prima Antonieta já foi contratada. Infelizmente ainda há marretas que insistem na estrangeirada. Vê lá tu que em Torres Novas foram buscar uma velha qualquer lá fora e para lhe pagarem acabaram com as festas da cidade. Trocaram os fados de Coimbra em barquinhos no Almonda à luz de archotes por uma tal Laurie Anderson que ninguém sabe quem é nem o que faz. Ainda se fosse acordeonista como a Eugénia Lima, por exemplo.Esta crise tem alguns aspectos positivos e acho que o país está a regressar a pouco e pouco aos valores tradicionais. E isso acontece mesmo em actividades menos nobres. Vê por exemplo os ladrões. Até há pouco tempo só gamavam dinheiro, ouros...enfim bens materiais. Agora há todos os dias notícias do regresso à pureza. Assaltos a talhos para roubar carne. Assaltos a cafés e restaurantes para comer sandes de chourição e beber uns copos. Roubar para comer não é crime. Pelo menos não era. Crime é roubar para comprar coisas desnecessárias e supérfluas. Eu acho que vou fazer um abaixo-assinado para a descriminalização dos roubos de comida. E que se lixem os gananciosos dos supermercados que entopem os tribunais com roubos de latas de salsichas e de embalagens de 250 gramas de margarina. Um abraço com boas palmadas na lombeiraManuel Serra d’Aire

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