O senhor presidente da Câmara de Benavente deveria ter sido o primeiro a tomar a iniciativa de abrir um inquérito para apurar o que se passou no dia da greve geral naquele concelho. Sobretudo quando existem suspeitas de que foi usada uma máquina da câmara para colocar um monte de areia à porta da ETAR, como forma de impedir a entrada de quem queria trabalhar. Para além das questões legais e estando em causa indícios de utilização indevida de uma máquina, o que é crime, não nos podemos esquecer que impedir alguém de fazer a sua vida normal é um atentado contra as suas liberdades individuais. O senhor presidente como vice-presidente da Associação de Municípios Portugueses, como membro do PCP, que tanto, e penso que bem, defende os trabalhadores, não ficou lá muito bem na fotografia. É que defender os trabalhadores é também defender o direito de alguém querer trabalhar. É bem provável que a culpa vá morrer solteira. Mas não deixa de ser curiosa é a posição que assumiu de se abster na votação da proposta do PSD para a abertura de um inquérito. Ora o interesse de António José Ganhão não deveria ser o de defender a autarquia e quem trabalha nela? Mas compreende-se que sendo o PCP um grande defensor do direito à greve, às vezes se esqueçam outros direitos… e deveres em nome de questões partidárias.Joaquina Assunção