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“Para termos sucesso não podemos estar à espera da sorte”

“Para termos sucesso não podemos estar à espera da sorte”

José Maria, 49 anos, Empresário, Vila Franca de Xira

José Maria, de 49 anos, nasceu em Aveiras de Cima, concelho de Azambuja. Conta que teve uma adolescência rebelde mas que encarreirou. A primeira empresa que montou deu para o torto mas não lamenta que tenha sido assim. O que aprendeu com o fracasso deu-lhe capacidade para gerir eficazmente a Visão Futura, uma empresa dedicada aos seguros, prestação de serviços e contabilidade. Não abdica do tempo dedicado à família nos fins-de-semana. Confessa que está cansado da palavra “crise”. Não acredita na sorte, mas no trabalho.

Passei ao lado de uma carreira de bandido. Tive uma adolescência conturbada porque era muito rebelde. Era preguiçoso e cábula. Juntava-me sempre às más companhias. Na escola era aluno das carteiras de trás. Nunca chumbei nenhum ano, mas passei muitos graças ao copianço. Não soube usar a liberdade que tinha. Felizmente consegui perceber que andava por maus caminhos e consegui tornar-me um aluno das carteiras da frente. Enquanto jovem vivi sempre acima da média. Nasci e vivi até aos 28 anos em Aveiras de Cima que era uma terra muito pobre, voltada para a agricultura. O meu pai era taxista, a minha mãe tinha uma loja e o meu avô uma padaria. Como todos trabalhavam muito nem às refeições conseguíamos estar juntos. A casa acabava por ficar por minha conta e eu sentia necessidade de compensar os meus pais por trabalharem tanto. Queria mostrar-lhes que era um bom filho. Depois de subir ao céu, caí muito rapidamente no inferno. Montei uma empresa de pesticidas com o meu irmão e durante alguns anos correu bem. Mas nos anos 90 achámos que Portugal já não chegava e abrimos uma empresa em Espanha. Foi uma aventura que correu mal. Falimos, entrámos em incumprimentos com os bancos e tudo o que tinha conquistado desapareceu. Fiquei sem património e ainda com dívidas. Subimos as escadas sem passar pelos degraus e claro que teria de acabar mal.Voltei a começar a minha vida do zero aos 28 anos. Mudei-me para Vila Franca e depois de ter sido delegado de propaganda médica passei a trabalhar no sector comercial de um entreposto de automóveis. Na altura vendiam-se muitos carros e consegui ganhar muito dinheiro. Mas como tinha outras perspectivas, aproveitei para tirar um curso de contabilidade e de seguros. Quando surgiu a oportunidade de me vir embora, o dinheiro de rescisão permitiu-me abrir o meu próprio negócio em 2003, a Visão Futura, dedicada aos seguros, prestação de serviços e contabilidade. Dei emprego à minha filha mas acho que sou demasiado severo e exigente com ela. Licenciou-se em turismo mas não arranjou emprego e apareceu-me uma proposta de começar um franchising de uma empresa de viagens. O estágio correu muito bem e a empresa deu-lhe emprego. Tem um ordenado muito baixo e só vai sendo aumentada se cumprir os objectivos delineados. Em Novembro de 2011 decidi estabelecer-me também em Benavente. Fiquei com uma antiga agência de viagens que já estava no mesmo espaço e trouxe as outras vertentes do meu negócio para aqui. Está ainda a criar raízes, mas vai melhorar porque nós trabalhamos para isso.De início estava permanentemente interessado em ganhar dinheiro e fui um pai e um marido ausente. Depois percebi o meu erro e comecei a ter mais tempo para a família. Quando resolvi voltar a criar a minha própria empresa não quis perder isso. Prefiro não abrir ao sábado para estar com a minha família. É ela que me dá estabilidade emocional para que depois o próprio negócio corra bem. Nada me dá mais prazer do que o descanso na casa dos Foros da Charneca. Costumo passar o fim-de-semana numa casa que tenho nos Foros. Gosto de ouvir os pássaros, de cortar a relva, de passear, de parar para pensar. É um prazer indescritível. Cheguei a ter uma hortinha, mas os pássaros comiam-me as alfaces todas e desisti. Os churrascos são por minha conta. De resto a minha mulher e duas filhas costumam antecipar-se na cozinha. Temos que trabalhar muito para ter sorte. Não podemos ficar à espera que a sorte apareça. Estou cansado da palavra crise. Se não formos humildes tudo o que temos desaparece de um dia para o outro. O subir não custa, mas sim o manter-se lá em cima. O nosso sucesso é deixarmos alguma coisa feita para que os outros também possam usufruir. Preocupa-me muito a falta de valores que hoje existem. Valorizo muito a honestidade e a humildade. Eduarda Sousa
“Para termos sucesso não podemos estar à espera da sorte”

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