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Instituições de solidariedade aflitas com aumento de famílias que não conseguem pagar

Instituições de solidariedade aflitas com aumento de famílias que não conseguem pagar

Em algumas IPSS as dívidas ultrapassam os 10 mil euros por mês e teme-se um agravamento

No dia em que a Câmara de Vila Franca de Xira entregou apoios de 500 mil euros às associações do concelho as preocupações dos dirigentes eram visíveis. As famílias estão a deixar de pagar as mensalidades e as associações preparam-se para dias difíceis, cortando nas despesas e reduzindo temporariamente as mensalidades aos utentes.

Os dirigentes das principais Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do concelho de Vila Franca de Xira estão alarmados com o aumento do número de famílias que não conseguem pagar as prestações mensais e muitos começam a preparar-se para dias mais difíceis. No dia em que a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira entregou apoios de 500 mil euros a 110 associações do concelho, os receios dos dirigentes relativamente a problemas de tesouraria eram visíveis. Nos corredores as conversas giravam em torno da falta de dinheiro das famílias. O incumprimento dos pagamentos está a aumentar e o futuro avizinha-se difícil. Os dirigentes confessam estar desiludidos com o Governo, por este não mostrar qualquer reconhecimento pelo trabalho que é desenvolvido pelas IPSS. Em algumas associações as dívidas das famílias já ascendem aos 10 mil euros por mês, como no caso da Associação para o Bem-Estar Infantil de Vialonga (ABEIV) onde no último mês ficaram 12 900 euros por cobrar. Os dirigentes garantem que já começaram a poupar para enfrentar a falta de dinheiro que se avizinha. “A última coisa que vamos fazer é despedir trabalhadores mas temos estado a cortar no máximo que podemos. As coisas estão a piorar e vai sentir-se mais a partir de Setembro, quando as pessoas não tiverem os subsídios de férias. Já antecipámos todos os cenários”, alerta Vítor Cardoso, presidente da ABEIV.Também Manuel Martins, da Associação de Bem-Estar Infantil de Vila Franca de Xira (ABEI) teme um futuro negro. “Vamos tentando aguentar as coisas mas nestes três primeiros meses a situação complicou-se imenso. Estamos a aguentar-nos mas com muita dificuldade”, admite. Para José Manuel Casaleiro, presidente da Associação Popular de Apoio à Criança da Póvoa de Santa Iria (APAC) o cenário não se avizinha tão dramático porque as prestações mensais das famílias têm vindo a ser pagas. Mas o dirigente garante que estão a ser tomadas medidas para enfrentar uma eventual quebra nos pagamentos. “Temos de antecipar todos os cenários e sabemos que a classe média e baixa vai começar a sentir dificuldades para pagar. Estamos a investir menos e a canalizar essas verbas para reforçar as contas”, explica a O MIRANTE.Planos de pagamento estão a aumentarA maioria das associações, confrontada com a incapacidade das famílias em pagar as suas responsabilidades, tem proposto planos de pagamento e reduções temporárias nas prestações para evitar a acumulação de dívidas. Um exemplo disso é a Casa de São Pedro, em Alverca. “Se determinada família por um momento tem a situação mais precária e nos pede ajuda nós avaliamos e vamos ao encontro das suas necessidades. Não podemos baixar as mensalidades mas podemos analisar e fazer uma redução temporária, facilitando os pagamentos através de um plano”, explica Luciana Nelas, presidente da associação. Medida semelhante tem sido aplicada na Associação de Promoção Social de Alhandra (APSA). “Estamos a preparar-nos para um cenário que tende a agravar-se. Já temos muitos pais que só têm conseguido pagar as prestações através de planos de pagamento”, confessa Sara Machado, vice-presidente da associação.Rosinha defende benefícios fiscais para as associaçõesA presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha (PS), defendeu que as associações, com actividade social, deveriam ter direito a um benefício fiscal como reconhecimento do seu empenho. “Mereciam uma discriminação positiva pela vossa generosidade, empenho, tempo e pelo que fazem por um país que até hoje não conseguiu reconhecer o vosso esforço”, defendeu. A autarca disse estar preocupada com as dificuldades que se aproximam e prometeu estar ao lado das associações. “Vocês são o principal empregador do concelho. É fundamental manterem-se em funcionamento e ter esperança que tudo vai melhorar”, disse. Ao todo a câmara atribuiu 500 mil euros a 110 associações do concelho, que servem um total de 13500 utentes nas áreas sociais, culturais e desportivas. Do total das verbas atribuídas 183980 euros foram destinados a apoio social, 146 mil a agentes culturais, 134 mil a associações desportivas e 27 mil euros a actividades físicas. Restaram 5800 euros para as associações de pais e 1600 euros para as federações concelhias.
Instituições de solidariedade aflitas com aumento de famílias que não conseguem pagar

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