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Há 157 anos a dar música em Ourém

Há 157 anos a dar música em Ourém

Sociedade Filarmónica Ouriense é a colectividade mais antiga do concelho
Ana Isabel BorregoA Sociedade Filarmónica Ouriense (SFO) comemorou, em Abril, 157 anos de existência. Foi fundada pelo padre José Joaquim Silva, que também era músico e formou a banda filarmónica com alguns antigos músicos do exército miguelista que participaram na guerra civil pelo trono português. Os tempos mudaram, os elementos da banda já não entram em batalhas, mas dão o corpo ao manifesto para manterem viva a colectividade mais antiga do concelho de Ourém.A SFO conta com 55 elementos entre os dez e os 50 anos de idade. O grupo está a registar um fenómeno curioso: alguns pais, que integraram a banda há uns anos e saíram, sobretudo as mulheres, para serem mães e ocuparem-se da família, estão a regressar pela mão dos filhos. O presidente da direcção da SFO, Sérgio Flores, explica a O MIRANTE que não tem sido difícil ‘recrutar’ jovens para a banda. Os responsáveis da colectividade vão às escolas do concelho dar a conhecer o seu projecto e desafiam os mais novos a irem para a banda e aprenderem a tocar instrumentos. “Não tem corrido mal”, refere.O ano passado gravaram um CD, intitulado Lusofonias, que contou com a participação dos músicos Rão Kyao e Carlos Moisés, vocalista dos Quinta do Bill. “Foi uma honra para nós estes dois músicos participarem no nosso disco. Não foi um projecto barato mas tivemos apoios de diversas empresas que nos ajudaram a pagar a edição do disco”, explica Sérgio Flores.Sérgio Flores está à frente da colectividade há cerca de três anos. Aceitou o convite que lhe fizeram depois do seu antecessor ter informado que não continuava após cerca de 16 anos no cargo. O jurista, que toca na banda desde os oito anos (ver caixa), aceitou o desafio e não se arrepende. O mais difícil, diz, é arranjar apoios para a SFO se manter a funcionar durante o ano. O orçamento anual é de cerca de 23 mil euros. O apoio da Câmara de Ourém e da Junta de Freguesia de Nossa Senhora das Misericórdias diminuiu mas as empresas e particulares têm ajudado. “A principal função dos elementos da direcção é, além de organizar actividades, pedinchar apoios, arranjar dinheiro para a associação manter a sua actividade. Sabemos a situação complicada do país e por isso a nossa ideia foi arranjar muitas pessoas que ajudem com pouco cada uma. Temos conseguido. Não é fácil mas tenho sentido o apoio fantástico da comunidade e esta associação é para a comunidade. A associação não existe se a comunidade se desligar dela e é essa relação que temos feito questão em manter”, realça o dirigente.Apesar das dificuldades financeiras que o país atravessa, a SFO conseguiu regularizar a sua situação financeira. Havia dívidas e a principal preocupação da nova direcção foi saldar os pagamentos que tinham em atraso. “Agora que temos a situação regularizada a situação é muito mais desafogada”, explica Sérgio Flores. O grupo tem cerca de trinta actuações por ano. Participam sobretudo em procissões no concelho e também na tradicional Via-Sacra que se realiza na semana da Páscoa, no Castelo de Ourém. Participam também em dois festivais de bandas sendo que um deles é o Festival de Ourém, do qual este ano são os organizadores.Um rapaz no meio de 16 raparigasA SFO criou há cerca de um ano um novo grupo de canto e dança, o “Dansing”, que conta com 17 elementos, entre os 10 e os 19 anos. São 16 raparigas e um rapaz que cantam e dançam música pop. Gil Ferreira tem 14 anos, frequenta o oitavo ano de escolaridade e é o único homem do grupo. Uma situação que não o assusta. Integrou o grupo depois de algumas amigas que também fazem parte do Dansing o terem convidado. Gil Ferreira gosta de cantar e dançar e por isso veio para o Dansing. Considera normal ser o único rapaz num grupo de canto e dança e garante que os amigos não o gozam por isso. Questionado por O MIRANTE se era complicado ser o único rapaz no meio de tanta mulher disse que não. Mas durante o ensaio lá confessou que nem sempre é fácil aturá-las todas ao mesmo tempo. “Às vezes é preciso paciência”, afirma o jovem que regressou recentemente da visita do executivo municipal à Roménia no âmbito do projecto Comenius Régio.O presidente da direcção da SFO afirma que não é fácil recrutar jovens para o grupo, mas têm aparecido. “Temos muita gente que canta bem em Ourém e por isso decidimos apostar neste projecto que está a correr muito bem”, diz Sérgio Flores. Já fizeram duas apresentações e estão a pensar organizar um festival, ainda este ano, com a participação de outros grupos. O objectivo é dar motivação aos novos cantores e dançarinos para continuarem com o projecto.Queria ser trompetista mas acabou a tocar clarineteSérgio Flores nasceu em Ourém há 40 anos e é jurista. Presidente da Sociedade Filarmónica Ouriense há cerca de três anos está ligado à colectividade desde os oitos anos, quando os responsáveis da SFO o foram buscar, literalmente, a casa para aprender a tocar um instrumento. O menino Sérgio não sabia que gostava de música mas apaixonou-se e nunca mais largou a banda. Queria tocar trompete mas o maestro precisava de clarinetistas e Sérgio já nem se imagina a tocar outro instrumento que não seja clarinete. “Fiquei com o bichinho da música e depois só queria aprender mais. A música é viciante porque quanto mais fazemos, melhor as coisas vão saindo”, refere durante a entrevista que decorreu na sede da SFO, junto ao Castelo de Ourém.O dirigente associativo também toca na Orquestra de Sopros da AMBO (Associação Música Banda de Ourém) desde os 14 anos e é presidente da Escola de Música de Ourém - OurémArte. Em 2009 aceitou o desafio feito pelo actual presidente da Câmara de Ourém, Paulo Fonseca, para integrar as listas do Partido Socialista à assembleia municipal. Conhece o autarca desde a juventude quando Sérgio jogava futebol na Associação S. Gens e Paulo Fonseca era presidente da colectividade. É a primeira experiência na política e está a gostar. “Aceitei o desafio porque achei que posso dar um contributo por mais pequeno que seja”, afirma.
Há 157 anos a dar música em Ourém

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