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Situação do IAC está ingovernável obrigando à intervenção de técnicos externos à instituição

Confederação das Instituições de Solidariedade mandou economistas e gestores analisarem as contas

A gestão do Instituto de Apoio à Comunidade colocou a instituição num buraco e agora teve que receber economistas e gestores externos que estão a analisar as contas para encontrarem uma forma de estancar as despesas. Um processo que revela a incapacidade da direcção em encontrar uma solução.

A situação do Instituto de Apoio à Comunidade, no Forte da Casa, que tem um passivo de três milhões de euros, está a tornar-se ingovernável e já obrigou à intervenção dos técnicos da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS). Uma equipa que inclui dois economistas e dois gestores da Universidade Católica do Porto estão na instituição desde o dia 29 de Abril a avaliar as contas e a analisar a actividade da instituição na tentativa de encontrar uma solução. O grupo de trabalho da CNIS, que já ouviu os trabalhadores e, vai nos próximos dias elaborar um plano de recuperação. Uma situação que revela a incapacidade da actual direcção em encontrar soluções para tirar a instituição, com quase 200 trabalhadores, do buraco em que se encontra. Esta parece ser o último recurso depois de em Março a direcção ter pedido aos funcionários que prescindissem do subsídio de férias e Natal de 2012 para evitar o encerramento da instituição ou a entrada em processo de lay off, que é um regime que prevê a redução do salário, passando a Segurança Social a suportar uma parte. Mas nem isto pareceu ser suficiente para estancar os problemas de gestão do IAC.A instituição, a presidente de câmara, Maria da Luz Rosinha (PS), e um elemento do Governo reuniram a 26 de Março e pouco depois foi contactado o presidente da CNIS para que a confederação apoiasse a instituição. “O caminho que a gente quer é o caminho da sustentabilidade porque a instituição é uma referência no concelho e no país”, reconhece o fundador e presidente do Instituto de Apoio à Comunidade, António José Inácio, que está disponível para melhorar a gestão.Recorde-se que António José Inácio é também presidente da Junta de Freguesia do Forte da Casa, eleito pelo PS, e uma pessoa muito próxima da presidente da câmara. O presidente da APAC da Póvoa de Santa Iria, José Casaleiro, que é também secretário da direcção da CNIS, confirma que a confederação está a fazer um levantamento no IAC para propor à instituição um plano de recuperação que terá que ser cumprido para que a instituição possa beneficiar do fundo de socorro. A ideia é também que a despesa seja travada no instituto. O IAC tem creches, jardim-de-infância, ATL, apoio domiciliário, centro de dia e residências para idosos. No conjunto das valências dá apoio a mais de um milhar de utentes.Inácio admite erros de gestão e não rejeita responsabilidadesO fundador e presidente do Instituto de Apoio à Comunidade (IAC), António José Inácio, diz que não transferiu atempadamente para o Estado retenções de IRS na fonte feitas aos trabalhadores em 2011 porque deu prioridade ao pagamento dos ordenados. As contribuições foram pagas mais tarde ao Ministério das Finanças, o que não evitou que o processo seguisse para tribunal. O dirigente, que é também presidente da Junta de Freguesia do Forte da Casa (PS), foi condenado por abuso de confiança fiscal devido ao atraso. O autarca vai ter que pagar 900 euros de multa, tal como o vice-presidente da instituição Armando Pascoal. O IAC terá ainda que pagar 1500 euros, como O MIRANTE noticiou.António José Inácio, que é também presidente da Junta do Forte da Casa, admite que o tribunal teve em consideração estas circunstâncias, o que justifica que a multa não tenha sido mais elevada. “O que deveríamos ter feito era respeitar a lei. As regras têm que ser cumpridas, caso contrário somos punidos como aconteceu”, reconhece. O autarca assegura que a instituição conseguiu retomar os planos de pagamento às finanças com grande apoio dos trabalhadores que têm demonstrado que são parte da solução. Só em salários o IAC paga todos os meses 110 mil euros. Os valores dos vencimentos vão desde os 400 até mais de dois mil euros. Inácio acredita que os postos de trabalho não estão em causa bem como a situação dos utentes e tem esperança de que uma solução seja encontrada com a ajuda da câmara e a colaboração da administração central. A instituição tem uma dívida que ronda os três milhões de euros. António José Inácio reconhece que o avanço da obra da Unidade de Cuidados Continuados, sem garantia de financiamento, agravou a situação da instituição. António José Inácio não rejeita as responsabilidades da gestão que reconhece que é reflexo da postura que os dirigentes têm em relação à vida. A situação preocupa o dirigente que admite que houve erros tendo em conta que algumas iniciativas não correram como se esperava. António José Inácio revela que não tem vontade de desistir, apesar do problema de saúde que atravessou recentemente.

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