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Histórias apanhadas pelo caminho

O presidente de junta estalajadeiroMaio é um mês de bom negócio para Basílio Oleiro, proprietário de uma casa de turismo rural no Arneiro das Milhariças, aldeia do concelho de Santarém que fica na rota dos peregrinos que seguem o “Caminho do Tejo” entre Lisboa e Fátima. O papel colado na porta da “Casa do primo Bazílio” diz que não há vagas. “Pela primeira vez tive peregrinos irlandeses e até um vietnamita cá a pernoitar”, diz o empresário, também presidente da junta de freguesia local.Durante o mês forte das peregrinações marianas nota-se o aumento de peregrinos e as noites com casa cheia são frequentes. Nas paredes da sala de estar da casa adaptada ao turismo vêem-se recordações e ofertas de peregrinos que por ali passaram oriundos de vários pontos do globo. Basílio Oleiro mostra o livro de honra com orgulho, onde se atesta o apreço com que os hóspedes o tratam.No dia 11 tem 15 pessoas lá a pernoitar. Peregrinos da zona de Cascais que já são clientes habituais. Ocupam os quatro quartos, alguns sofás e alguns colchões de campanha que estendem na sala de estar. Têm ainda serventia da cozinha caso queiram cozinhar. “Eles arrumam-se à maneira deles. Eu entrego-lhes a casa e devo dizer que até hoje nunca me faltou nada. Eles gostam disto e muitos acabam por voltar”. Arneiro das Milhariças fica na rota dos Caminhos do Tejo (Lisboa - Fátima) e o pouco comércio da aldeia acaba por ganhar alguma coisa com isso, pois vão à mercearia, ao café ou ao restaurante.As voluntárias de MindeLídia Cadete e Rosa “do Brasileiro” não têm mãos a medir na tarde de sexta-feira, 11 de Maio. O quartel dos Bombeiros Voluntários de Minde está transformado numa unidade de alojamento e as mulheres dão apoio aos peregrinos que vão chegando, encaminhando-os para os locais que lhes estão destinados, dando-lhes informações, resolvendo pequenos problemas que surgem.Lídia, a mais velha, trabalha nos bombeiros fazendo de tudo um pouco em termos de limpeza e arrumação. “É tudo o que aparece à frente. No tempo dos peregrinos, trato deles com todo o amor”. Rosa é voluntária e ajuda na limpeza quando há grande procura de peregrinos para ali pernoitar.Nos dias de grande afluência trabalham de dia e de noite. “Telefonaram-me eram seis da manhã para eu vir, são quase cinco da tarde e continua amanhã e domingo. Já andamos assim há um mês, todas as semanas isto está cheio. Para amanhã temos lá em baixo uma casa reservada para senhoras da Polícia Judiciária. São fixes, porreiras. É tudo gente boa. A gente também dá tudo o que tem para ser agradável”, diz Lídia, a porta-voz.No primeiro piso, na cozinha do quartel, três jovens mulheres descascam batatas. Tânia, Mónica e Ana preparam o jantar para os peregrinos. Estão marcadas 300 refeições. Da ementa constam canja, caldo verde, bifanas e fruta. Tudo a preço simbólico. “Ajuda os bombeiros e ajuda as pessoas, que escusam de trazer comer. Estamos a precisar de comprar uns capacetes e talvez ajude”.No dia seguinte está prevista nova jornada de trabalho, a partir das cinco da manhã, para preparar pequenos-almoços para os peregrinos. A empreitada de apoio alimentar aos peregrinos já dura há uma semana. “É quase tão difícil como ir a pé a Fátima”, diz Tânia com um sorriso.

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