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Instituições que dão ajuda alimentar aos carenciados estão à beira da ruptura

Instituições que dão ajuda alimentar aos carenciados estão à beira da ruptura

Os donativos de empresas e particulares caíram a pique e os pedidos de famílias não param de aumentar

Os pedidos de ajuda aumentam, mas a quantidade de alimentos e donativos que chegam às instituições está a diminuir. Dirigentes de instituições do concelho de Vila Franca de Xira e de Benavente não querem deixar ninguém a passar fome, mas não sabem como vão conseguir responder aos pedidos.

Uma mãe que passou a dar chá ao seu bebé por não ter dinheiro para comprar leite ou um senhor que ganhava 1600 euros mensais antes de cair no desemprego e tentar pôr termo à vida são alguns dos novos casos que estão a chegar às instituições que dão apoio alimentar aos mais carenciados. Dirigentes de instituições do concelho de Benavente e Vila Franca de Xira garantem que a capacidade de ajuda tem um limite que já está praticamente atingido. O número de pedidos de ajuda à Obra das Mães da Paróquia de Alhandra, no concelho de Vila Franca de Xira, aumentou de 25 para 50. “Tivemos uma mãe que em vez de leite estava a dar chá ao seu bebé. Foi o caso mais dramático que nos apareceu recentemente”, explica a secretária Alice Pedro. São cada vez mais os casais que caíram no desemprego a pedir ajuda e a Obra das Mães não consegue mandar embora ninguém de mãos vazias. Os cabazes mensais que distribuem não chegam para um mês, mas dão uma ajuda. “Não sei como vai ser no futuro, mas acredito que não existe mal que dure sempre”, diz Alice Pedro. Em Castanheira do Ribatejo, um senhor que chegou a receber um ordenado de 1600 euros, tentou pôr termo à vida depois de terminar o subsídio de desemprego. Este é um dos casos que comoveu a directora técnica Elisabete Carlota do Lar Evangélico de Betel. “Era alguém que estava entre o subsídio de desemprego e a idade de reforma. Mal passou a ganhar a reforma veio cá oferecer-nos um cabaz de alimentos porque sentia que era a sua vez de ajudar”, recorda. Das 192 pessoas que a instituição apoia através dos cabazes alimentares que chegam do Banco Alimentar, Elisabete Carlota garante que as famílias com um histórico de apoio social são escassas. Os novos carenciados são pessoas desempregadas da classe média. A instituição já não tem condições para ajudar mais gente porque também não quer diminuir a qualidade do apoio prestado. A Misericórdia de Benavente está a servir de momento 30 refeições diárias através de um protocolo que estabeleceu com a Câmara de Benavente. Embora os casos sejam encaminhados do sector da acção social da autarquia, o provedor Norte Jacinto confirma que em relação ao ano passado a instituição triplicou o número de refeições servidas. A Misericórdia é uma das instituições do concelho que está integrada no Projecto de Emergência Social da Segurança Social. Vai passar a receber 2,5 euros por refeição para apoiar os mais carenciados. “É um valor baixo. Neste momento, as nossas refeições custam 3,10 euros e não queremos reduzir a qualidade. Vamos suportar a diferença enquanto conseguirmos”, assegura Norte Jacinto. O provedor acrescenta também que já existe muita gente a passar mal que por vergonha ainda não ganhou coragem para pedir ajuda. Empresas e particulares contribuem menosOs donativos que chegam às instituições numa altura de crise também têm diminuído significativamente. Empresas da região que costumavam ser parceiras estão a retrair-se nos donativos. O Banco Alimentar também está a distribuir por mais instituições os bens alimentares, o que diminui o apoio prestado a cada uma. “Este mês não recebemos um único quilo de arroz para distribuir”, constata Elisabete Carlota. O Lar de Betel também recorria ao Banco de Bens Doados em Lisboa. De dois em dois meses conseguiam angariar pequenas coisas para casa, como produtos de limpeza. Neste momento o apoio só chega semestralmente e passou para metade. O provedor da Misericórdia de Benavente lamenta que até os irmãos se esqueçam de pagar as quotas. A quebra do protocolo assinado em Março entre a instituição e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) que passou algumas consultas do Hospital da Misericórdia para o Hospital de Vila Franca de Xira também conduziu a prejuízos financeiros.
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