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Vítor Domingos

Vítor Domingos

65 anos, reformado, Forte da Casa (Vila Franca de Xira)

Faz falta as pessoas ajudarem-se mais. Sinto a falta do velho espírito de entreajuda de outros tempos. Sobretudo nestas alturas mais difíceis, em que todos juntos podemos fazer a diferença. Quando vivemos em abundância temos tendência a não ligar aos nossos vizinhos

Se precisasse de assaltar um banco para dar de comer à sua família fazia-o?Assaltar um banco era a última coisa que eu faria, mas se estivesse completamente desesperado e em necessidade absoluta acho que não tinha problema em fazê-lo. Sempre fui educado no respeito de valores e no respeito pela propriedade dos outros. Mas quando há uma necessidade absoluta até a própria lei permite, em alguns extremos, que o infractor seja perdoado, quando se trata de satisfazer necessidades básicas.Vive no Forte da Casa. Está preocupado com a situação financeira do Instituto de Apoio à Criança?Sei que o Instituto de Apoio à Criança está numa situação muito delicada, infelizmente. Fico preocupado com isso porque a instituição emprega e serve muita gente.O negócio da pornografia parece imune à crise. É isso que falta? Mais sexo na nossa vida?(Risos) Não fico surpreendido com o facto de não haver crise no negócio da pornografia, pelo menos entre as actrizes e os produtores. A verdade é que a prostituição e a pornografia tendem a crescer sempre que vivemos em crise, porque há menos dinheiro para as pessoas satisfazerem as suas necessidades. Para isso muitas atraiçoam os seus valores para ganhar dinheiro nestes mercados. Junto com o aumento das necessidades há sempre uma crise de valores. Isto é o espelho desta crise e um espelho das más políticas sociais que têm sido desenvolvidas nos últimos anos.Café ou descafeinado?Café, claro. Sempre gostei muito de café, normal, sem açúcar nem natas.Se os telemóveis deixassem de funcionar amanhã como se sentiria?Sentir-me-ia na mesma. Acho que conseguia viver tranquilamente, pois não sou dependente do telemóvel. A humanidade viveu séculos e séculos sem telefones móveis e não foi por isso que deixou de ter grandes pensadores e dar grandes saltos na ciência e na tecnologia. Acho que a grande vantagem da tecnologia é facilitar imenso a nossa vida. Hoje podemos estar em qualquer lugar e falar para qualquer ponto no mundo. Há muitos anos atrás isso seria completamente impensável.Se o desafiassem para um dia de desportos radicais, alinhava?Com a minha idade provavelmente não aceitava, mas acho que dava um bom voluntário, nem que fosse a dar a água aos participantes ou a ajudar noutros aspectos da organização. Era capaz de tomar banho no rio Tejo?Acho que seria capaz de dar um mergulho no Tejo. De noite não, mas durante o dia acho que não ia sentir grandes dificuldades. Quando era jovem tinha por hábito ir às largadas de toiros em Vila Franca de Xira e depois atirava-me do cais para uns mergulhos no rio, para arrefecer os ânimos (risos).Se encontrar uma mulher na passadeira a precisar de ajuda, o que faz?Ajudo sempre, faz parte da minha formação. E acho que toda a gente devia fazer o mesmo. Na actualidade faz falta as pessoas ajudarem-se mais. Sinto a falta do velho espírito de entreajuda que existia noutros tempos. Sobretudo nestas alturas mais difíceis, em que todos juntos podemos fazer a diferença. Quando vivemos em épocas de abundância temos tendência a não ligar muito aos nossos vizinhos. Mas nos tempos de crise, como os que vivemos, a antiga entreajuda é muito importante e isso começa a faltar em muitos locais.
Vítor Domingos

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