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Márcio e Valdo Neves dois super homens do triatlo longo em Marinhais

Márcio Neves conquistou, em Lanzarote (Espanha), o direito de representar Portugal no Campeonato do Mundo de Triatlo Ironman que se disputa em Outubro no Hawaii

Márcio Neves e Valdo Neves são dois homens fortes no triatlo longo, provas mais conhecidas como Ironman, onde o desafio é chegar ao fim depois de nadar 3.800 metros, pedalar 180 quilómetros e correr a pé um percurso de 42.195 metros. É por isso uma modalidade que só está ao alcance de atletas de grande resistência física e psicológica.

Márcio Neves é o mais novo dos dois irmãos, tem 29 anos e foi o primeiro a entrar nestas “loucuras” do triatlo longo. “Comecei a praticar em 2007. Foi por influência do fenómeno Vanessa Fernandes, que comecei a praticar triatlo”. O irmão Valdo, ainda ficou a pensar mais um ano, mas depois não resistiu e começou a treinar com o irmão. Talvez por isso, Márcio tem vindo a destacar-se mais nas provas em que participam e, numa prova de Triatlo Ironman, realizada em Lanzarote (Espanha), conseguiu um excelente primeiro lugar no seu escalão e conseguiu os mínimos para ir representar Portugal no Campeonato do Mundo, que se realiza em Outubro no Hawaii. “Foi sem dúvida o momento mais feliz da minha carreira de atleta”, disse.Os dois irmãos vivem em Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos, mas trabalham bem longe de casa Márcio é militar de carreira e está colocado no Entroncamento. Valdo é agente da PSP e está colocado em Alverca. Márcio é mais ambicioso e quer ser um dos melhores do mundo. Valdo é mais modesto e pratica a modalidade na óptica de ajudar o irmão.O facto dc ser um desporto de resistência foi decisivo para que Márcio Neves enveredasse pela modalidade. “Antes de me iniciar no triatlo praticava atletismo em provas longas e populares, por isso já era um atleta resistente, o que me ajudou muito no crescimento no triatlo longo”, disse.Márcio aceita com clareza que tem mais facilidades para treinar do que o irmão. “Temos que treinar muitas horas por semana, 20 a 40 horas semanais, e eu tenho melhores condições. Aproveito a ida e a vinda do trabalho para fazer o treino de ciclismo, levanto-me cedo, pego na bicicleta e rumo ao Entroncamento sempre em bom ritmo. À noite faço o percurso inverso. Depois para além do tempo livre que tenho para treinar, tenho dentro do meu horário de trabalho 1h30 para treinar três vezes por semana, situação que o meu irmão já não tem”, disse Márcio Neves.Embora viva em Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos, e represente o Peniche A.C., o treino de natação é distribuído pelas piscinas do Entroncamento, Golegã, Salvaterra e Benavente. “Onde treinamos mais é nas piscinas de Benavente, fomos ali muito bem recebidos e a Câmara Municipal de Benavente foi extraordinária connosco, permite que treinemos sem ter que pagar a utilização das piscinas. Estamos muito agradecidos a Benavente”, diz efectivamente agradecido Márcio Neves.Não é fácil conciliar o treino, as provas e a família, mas Márcio Neves vai controlando a situação. “Nem que seja preciso levantar-me de madrugada e deitar-me muito tarde”, diz com elevado espírito de sacrifício. Para Márcio Neves para treinar bem e forte, é preciso estar bem com a vida e com a família. Muitas vezes é necessário tirar dias de férias para ir a provas no estrangeiro e aí Márcio Neves tenta compensar a esposa. “Sempre que possível a minha esposa acompanha-me e ficamos mais dois ou três dias a fazer umas pequenas férias, é uma forma de a compensar pelos sacrifícios que faz ao longo do ano”, disse.Presença no Campeonato do Mundo a expensas própriasEm Lanzarote a prova correu de feição a Márcio Neves. O triatleta tinha uns tempos pré-estabelecidos que sabia que tinha que cumprir para conseguir a classificação para o Campeonato do Mundo, e segundo diz começou cedo a sentir que podia marcar lugar. “Na natação bati o meu record pessoal saindo da água com o tempo de 57 minutos, a prova de ciclismo foi muito dura mas aguentei-me bem, na corrida que é o meu forte fiz uma excelente maratona. Terminei com o tempo final de 9 horas e 29 minutos e com a ideia de que tinha ficado muito bem classificado. O objectivo de ficar nos dois primeiros lugares do meu escalão tinha sido atingido, o primeiro lugar dava-me de imediato um lugar no Hawaii”, diz com mal disfarçado orgulho.Agora começa outra maratona, para além dos treinos e da competição é preciso juntar dinheiro para fazer a viagem e garantir a estadia. “Não temos ajudas oficiais, é tudo a expensas próprias, mas eu já decidi e nada me vai fazer parar”, garante Márcio Neves, acrescentando que é preciso uma verba muito grande. “Desta vez a minha esposa não vai comigo, vou ter que arranjar outra forma de a compensar, esteve comigo em Lanzarote e garante-me um apoio inestimável. O meu irmão é que está a ponderar ir comigo para me apoiar e até orientar-me nas situações em que for necessário, porque quero representar Portugal de uma forma digna”.Em 2009 teve um bom ano. “Fiz o meu primeiro ironman no estrangeiro, foi em Nice, França, e aí entre 2600 atletas fiquei no 41º lugar. Na Copa Ibérica fiquei em terceiro lugar. Tenho vindo a evoluir e acredito que neste mundial vou conseguir chegar aos vinte primeiros”, disse com vontade Márcio Neves.

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