uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

A restauração continua a ser a imagem de marca de Almeirim

Santos da Casa também fazem milagres. Quem mora em Almeirim defende os restaurantes da cidade e considera que são imbatíveis em termos da relação entre a qualidade e o preço. O que não se encontra lá é tranquilidade. Para quem quer uma refeição tranquila em ambiente pouco barulhento, não servem. Há coisas que fazem falta a Almeirim. Uma delas é uma programação regular para o renovado cineteatro. Há quem se queixe de falta de condições para atrair investimento e também há quem não esteja satisfeito com a limpeza das ruas. Pessoas imunes à crise não encontrámos.

António Pedro, empresário, AlmeirimZona industrial que tem funcionado como zona comercialA zona industrial de Almeirim não tem cumprido a sua missão de atrair indústria e criar empregos nessa área. A opinião parte do empresário António Pedro que, em tom crítico, diz que aquela área tem funcionado mais como zona comercial. “Talvez devido aos políticos que temos. Não têm faltado lotes, já que na segunda fase de expansão foram todos vendidos mas os proponentes não construíram nada como estava previsto. Resta perguntar porque é que os lotes não revertem para a câmara para serem revendidos?”, questiona António Pedro, ao abordar o desenvolvimento da cidade e do concelho. Em relação ao seu negócio, diz ter feito um compasso de espera face à situação de crise que se vive, quando pensava avançar para novas instalações.No dia a dia em Almeirim, António Pedro costuma frequentar algumas vezes os restaurantes locais e não tem dúvidas em afirmar que a qualidade geral é de bom nível, falando-se de comida, serviço e preço praticado. “Não se abusa nos preços, que são excelentes, mesmo comparando a nível nacional”, defende.Eduardo Galvão, empresário, AlmeirimZona Industrial deve cativar mais empresas e empregosSócio-gerente de uma empresa de distribuição de produtos alimentares e bebidas, Eduardo Galvão trata todos os restaurantes pela mesma bitola a nível pessoal e profissional. Por isso, não é de estranhar que esteja em permanente contacto e a almoçar nesses estabelecimentos de Almeirim. “Mas também porque são bons restaurantes, com qualidade dos produtos, do serviço e custo adequado. Além disso, Almeirim está associado à restauração e à sopa da pedra, que qualquer visitante reconhece”, garante.Com a quebra de vendas na restauração a sua empresa também notou essa alteração, o que fez com que o empresário repensasse a política de stocks ou o custo com deslocações devido ao preço do gasóleo. “Com as quebras de consumo, o aumento do IVA e a redução do poder de compra não há mercado que resista”, diz Eduardo Galvão. Para mais, a Zona Industrial de Almeirim tarda em fazer jus ao nome e cativar indústria que crie mais riqueza, empregos e dinâmica económica, acrescenta o empresário, lembrando que as acessibilidades rodoviárias são boas.José Trindade, comerciante-empresário, AlmeirimAlmeirim é uma boa vila, mas uma péssima cidadeAlmeirim tem um cineteatro que só funciona quando alguém se mobiliza. Faz falta programação de cinema, mesmo que não seja todas as semanas e outro tipo de actividades. A opinião pertence a José Trindade, comerciante e empresário da cidade, que defende que aquele equipamento deve ter mais iniciativas que ajudem a povoar a cidade. “Temos uma boa vila mas uma péssima cidade. Faz-se muito para a fotografia e pouco para a cidade”, analisa em conversa com O MIRANTE, acrescentando que um equipamento cultural com programação traria movimento comercial à cidade, que se encontra parada.Em tempo de crise, José Trindade admite que há passos pessoais e profissionais que se repensam ou adiam, mas deu um passo essencial há mais tempo, quando a crise ainda não tinha chegado ao sector da construção. “Fi-lo no tempo que comecei a ver empresas darem aos clientes em valor mais baixo do que lhes tinha custado, e assim ninguém vive”, sustenta.José Trindade costuma jantar ou almoçar nos restaurantes da cidade quatro ou cinco vezes por mês, mas também em estabelecimentos nas zonas de Peniche e Alentejo, onde se costuma deslocar. “Há poucas regiões no país com a relação qualidade-preço que apresentamos em Almeirim, além de encher a barriga para quem gosta”, afirma, apesar de dizer que não existe um local apropriado para estar calmamente com a família a degustar uma refeição.Sandra Rambeau, empresária, AlmeirimAlmeirim precisa de mais vida, juventude e culturaAlmeirim ainda tem muito a fazer na área cultural. É essa a principal lacuna que Sandra Rambeau sente no dia a dia. Lembra que foi investido muito dinheiro na construção do cineteatro, que está fechado muitas vezes ou não é suficientemente divulgada a sua programação. “A cultura não é valorizada em Portugal, o que é pena. Almeirim podia ser uma cidade muito mais jovem, falta vida e mais juventude em Almeirim”, defende.Não tem o hábito de almoçar ou jantar fora mas conhece quase todos os restaurantes de Almeirim, que qualifica de “muito bons”. “Uns talvez com mais nome que outros, mas temos uma qualidade excepcional a nível de restauração. E não só na cidade de Almeirim mas em todo o concelho. Almeirim é conhecida por se comer muito bem, por isso acho que esses nossos “embaixadores” estão todos de parabéns”, assegura. Na sua opinião, os preços praticados são acessíveis e o serviço bem assegurado pelos funcionários, sejam clientes da terra ou de fora. “Admiro e respeito imenso o ramo da restauração porque se trabalha arduamente e tem sido bastante penalizado com a aumento do IVA para 23% e não fecham portas”, acrescenta.Para a sócia-gerente do Intermarché de Almeirim a situação de crise levou a repensar a estratégia de vendas e objectivos, introduzindo melhores condições aos clientes, como o take away, a logística, entre outros aspectos. “A nossa estratégia passou igualmente pelos preços. Tentamos assegurar diariamente produtos de qualidade a bons preços, apostamos muito mais em produtos não só nacionais mas regionais. E tem sido compensador”, conclui.Cristiana Santos Brito, comerciante, AlmeirimFalta ousadia e coragem de arriscar à maior parte das pessoasCristiana Santos Brito fez o que poucos arriscariam fazer e passou de uma situação de desemprego para a de proprietária de uma loja de artesanato e artigos para crianças no parque das Laranjeiras, em Almeirim. A comerciante, de 20 anos, diz que faz falta mais ousadia aos portugueses. “Estava desempregada há dois meses, a olhar para as paredes e resolvi aplicar algumas poupanças que tinha. Se não correr bem fecho mais rápido do que abri mas só sei como vai correr experimentando. Falta às pessoas do país e da região ousarem e arriscarem mais”, diz a comerciante.Almeirim vive muito do sector da restauração mas Cristiana Santos Brito não costuma jantar fora frequentemente, prefere ir buscar a comida para casa e poupar em tempo e dinheiro. “Os preços das refeições são acessíveis e a qualidade é sempre boa, pelo menos tem sido sempre assim”, refere.Diz que faltam na cidade mais espaços de diversão nocturna. “Existe apenas uma discoteca e há bastantes anos sem grandes opções para quem quiser mudar de ambiente musical e falta ainda que o cineteatro tenha uma boa programação. Não há cinema nem uma peça de teatro, o que é uma pena”, conclui.Sara Roque, empresária, Fazendas de AlmeirimRestauração de Almeirim a bom nível Sara Roque raramente frequenta os restaurantes que não dão nome e reputação a Almeirim mas nas vezes que foi considera que o nível de qualidade, quantidade e preços praticados é bom, além da simpatia e serviço ao mesmo nível. “Agora vou mais a um restaurante de Fazendas de Almeirim, que também é de qualidade, por ser mais próximo e cómodo”, refere a comerciante.Face à conjuntura de crise e com um negócio de uma lavandaria e engomadaria, Sara Roque diz ter notado uma quebra normal no número de serviços, devido ao aumento dos custos de vida e manutenção do nível de vencimentos. “Moderámos certos gastos já que se nota que as pessoas que noutra ocasião pediam um serviço completo, agora uns lavam roupa em casa, outros só vêm trazer para a engomar”, exemplifica.Para Sara Roque faltam no concelho, particularmente em Fazendas de Almeirim, espaços públicos e de lazer para as crianças e, sobretudo, para os idosos, quando chega o período de Verão. Manuel Besteiro, empresário, AlmeirimServiços de limpeza da câmara têm de ser mais eficientesCom loja numa das artérias da zona norte de Almeirim, Manuel Besteiro tem notado que nos últimos anos, especialmente durante o Outono, os serviços de higiene e limpeza da autarquia não têm feito um bom trabalho na limpeza das folhas que caem e que entopem sargetas. “Já não é a primeira vez que a rua das Milheiras fica alagada devido a esse problema”, exemplifica quando lhe pedimos para dizer o que faz falta na cidade.Na Casa dos Rolamentos o empresário diminuiu despesas e ajustou stocks à realidade das vendas, mas diz que apesar de ter esmorecido o comércio é para aguentar. “Há que aguentar. Cheguei a pensar em investir em novas instalações há seis anos mas ainda bem que não o fiz, estaria hoje a pagar o investimento, como acontece com outros colegas que estão a passar por dificuldades”, refere, dizendo que o que lhe faz mais impressão é a falta de movimento junto do comércio e bancos da cidade.Manuel Besteiro é um frequentador ocasional dos restaurantes de Almeirim, onde vai 12 a 15 vezes por ano. Tem casa em Fazendas de Almeirim onde costuma ir almoçar mas conhece a realidade da restauração local. “Vou mais aos restaurantes com vendedores que também têm curiosidade em conhecer a gastronomia de Almeirim e a sopa da pedra”, explica. Considera que o nível é bom e o preço razoável. “Não será pelo aumento do IVA, que representa mais um euro por dose, que as pessoas deixam de ir aos restaurantes”, acrescenta.

Mais Notícias

    A carregar...