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O empresário que decidiu dar mais cor à sua vida

O empresário que decidiu dar mais cor à sua vida

Nelson Gaspar Garcia, 34 anos, é responsável pela empresa “Xira Cor”

Começou a pintar automóveis numa oficina de Alverca e nunca mais largou o bichinho das cores. Um dia surgiu-lhe a hipótese de ficar com um negócio de tintas em Vila Franca de Xira e arriscou. As coisas têm corrido bem mas confessa que a crise ainda não permitiu transformar a vida num completo arco-íris.

Nelson Ricardo Gaspar Garcia, 34 anos, é um jovem empresário de Vila Franca de Xira que um dia decidiu dar um pontapé na crise dando mais cor à sua vida através da criação do seu próprio posto de trabalho. Deixou de ser empregado para ser patrão e dirige a “Xira Cor”, empresa de Vila Franca que vende praticamente tudo o que está relacionado com tintas para automóveis e residências. Vende na hora 75 mil cores ao cliente - através de uma máquina de mistura de tintas - mas confessa que a crise ainda não deixou que a vida se tornasse num arco-íris perfeito. Muitos clientes compram e não pagam, há dinheiro na rua para receber e já não há construção de novas casas. “A maioria dos clientes procura tinta para os automóveis e para renovar alguma divisão da casa”, lamenta.O caminho de Nelson começou a ser percorrido na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. Rapidamente veio para a Póvoa de Santa Iria, onde os pais tinham casa. O seu primeiro emprego foi numa oficina de automóveis em Alverca, a pintar automóveis. “Tinha feito um curso de formação profissional durante um ano e fui para a oficina como estagiário. Gostaram de mim e fiquei. Os materiais que se usavam já tinham melhorado bastante, já não apanhei aquela altura difícil das pinturas em automóveis com betume de pedra e polimento à mão”, conta.Ainda assim o trabalho era duro e o salário baixo. Nelson não tardou a procurar algo melhor. Pouco tempo depois começou a trabalhar na LGA em Azambuja, na altura a divisão de reparações da SIVA, empresa importadora de automóveis. “Estive lá seis anos e aprendi muita coisa. Foi lá que soube da possibilidade de ser aberta uma vaga para dar formação na Robbialac e decidi arriscar novamente”, partilha. Nelson foi à entrevista e conseguiu o lugar. Ficou na empresa de tintas durante seis anos. Deu formação e no final já prestava assistência técnica a clientes, viajando de norte a sul do país. “Eram curiosas as pequenas diferenças que havia num país tão pequeno. Por exemplo, as formas de pintar no norte e no sul são diferentes, desde logo nos sistemas de tintagem e lixagem. Actualmente está tudo a começar a ficar uniformizado mas dantes, em Lisboa, já existia um sistema de lixagem a seco enquanto no Algarve ainda se fazia lixagem a água”, revela. A marca de tintas onde trabalhava tinha um centro de construção civil onde aprendeu a profissão no ramo da construção.Certo dia, à conversa com Carlos Pinto da Costa, decidiu pegar no negócio da Xira Cor em Vila Franca. “O Carlos já tinha alguma idade e queria desligar-se da loja. Decidi pegar nisto”, conta. Actualizou a imagem da loja, aumentou o stock e os clientes estão a regressar.“A experiência tem sido uma aventura, é o meu primeiro negócio pessoal. Para quem era empregado e estava habituado a ter tudo tratado é difícil. Não fazia a mínima ideia da carga fiscal que existe e dos documentos que é preciso tratar. Mas estou a gostar bastante”, garante. Trabalha das 07h00 às 21h00. A loja fornece esquemas de pintura, aconselha quantidades, vende materiais de pintura para casa e automóvel, madeiras, ferros, gradeamentos, material para pintura de interior, exterior, piscinas, cozinhas e casas de banho. “Tudo o que tenha a ver com pintura nós fornecemos”, assegura. Um serviço que tem sido muito procurado é a tintagem de automóveis. “Se tiver um risco no pára-choques basta trazer-nos a cor e nós enchemos uma lata de spray com essa tinta para a reparação ficar mais económica”, destaca.Nelson diz que gosta daquilo que é e por isso não tem nenhuma profissão de sonho. “Luto dia a dia pelos meus objectivos e estou a adorar o que faço”, confessa. Lamenta que o negócio chegue à conta para as despesas mas gaba-se de pagar a pronto aos fornecedores. “Se um dia precisar de recorrer a créditos com a banca mais vale fechar a porta e partir para outro negócio. Temos de viver com o que temos, que foi o que a sociedade não soube fazer”, defende. Nelson aconselha os jovens que estão prestes a entrar no mercado de trabalho a não desistirem e a lutarem por um lugar ao sol. “Não vale a pena ficar sentado em casa à espera que alguém faça alguma coisa. Temos de ser nós. É preciso ir à luta, se não for cá que seja lá fora, noutro país”, conclui.
O empresário que decidiu dar mais cor à sua vida

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