Na apresentação dos novos investimentos da empresa municipal Águas de Santarém, realizada na manhã de 4 de Julho, o presidente da câmara Francisco Moita Flores (PSD) ressuscitou a polémica que manteve com a empresa intermunicipal Águas do Ribatejo, de onde o município escalabitano se desvinculou em 2007 num processo atribulado e que fez correr muita tinta. E deu uma no cravo e outra na ferradura ao saudar a empresa ao mesmo tempo que a acusava de roubo.“Não queremos o mal da Águas do Ribatejo, mas não nos podemos esquecer que o grupo que faz esta guerrilha de choldra que se tem visto em torno das águas é o mesmo grupo que nos roubou os fundos comunitários que estavam destinados a Santarém. O que teve piada em tudo isto é que para além dos fundos comunitários que nos queriam dar em troca dos nossos activos, nós recuperámos esses fundos e ainda fomos buscar mais do que aqueles que estavam previstos para a empresa Águas de Santarém”, afirmou Moita Flores.Num discurso de quase meia hora na Casa do Brasil perante uma plateia de convidados e onde não houve direito a perguntas por parte da comunicação social, Moita Flores, que afirmou estar “em vésperas de partir” da câmara, quis deixar uma saudação à Águas do Ribatejo: “Mesmo com a memória desses dias de insultos qualificados nós desejamos à Águas do Ribatejo as maiores felicidades do mundo”.Refira-se que a empresa intermunicipal Águas do Ribatejo, nascida no seio da Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo, agrega actualmente os municípios de Alpiarça, Almeirim, Chamusca, Coruche, Benavente, Salvaterra de Magos e Torres Novas.“Nunca abandonei Santarém”O presidente da Câmara de Santarém insurgiu-se contra as vozes que levantaram dúvidas acerca da situação na autarquia, referindo que nunca abandonou as funções para que foi eleito e que as suas ausências se deveram a situações como o gozo de férias a que tem direito e a questões de saúde.“Não levem a mal este presidente, que está em vésperas de partir, dizer que nunca abandonou Santarém”, afirmou Moita Flores durante a sessão realizada na Casa do Brasil onde criticou a “garganeirice política” e a “forma mistificada, aldrabada e caluniosa” como essa questão tem sido tratada em termos políticos pela oposição. “O presidente da Câmara de Santarém tem direito às suas férias que ninguém pode negar, nem aqueles que pensam que podem querer saber da minha vida privada e onde eu estou ou não estou, quando estou a exercer os meus direitos de cidadão e de presidente de câmara. Aqueles que trabalham comigo sabem como os meus dias nesta câmara foram passados a dedicar tudo e mais alguma coisa a esta causa”, declarou.Águas de Santarém investe mais 21 milhões em saneamento básicoUma das últimas aparições de Moita Flores na qualidade de presidente da Câmara de Santarém antes de começar a corrida à Câmara de Oeiras foi para dar enfoque ao investimento nas redes de água e saneamento básico. As obras nos sistemas de saneamento de Abrã, Almoster, Alqueidão do Rei, Santarém, Santos, Tremês e Vaqueiros vão garantir a cobertura de saneamento básico no concelho em 93 por cento. O contrato com o consórcio composto pelas empresas DST Domingos Silva Teixeira/ABB - Alexandre Barbosa Borges já tem visto do Tribunal de Contas, emitido a 12 de Junho de 2012. A empreitada tem uma duração de 24 meses e um valor de 21,2 milhões de euros mais IVA, sendo comparticipada por fundos europeus em 12,5 milhões de euros. A parte que cabe à Águas de Santarém é garantida com recurso ao crédito bancário, tendo Moita Flores sublinhado os seus agradecimentos ao Montepio Geral.Entre 2008 e 2012, a Águas de Santarém já investiu 39 milhões de euros, sendo quatro milhões no sistema de abastecimento de água, 33,6 milhões em saneamento e 1,3 milhões noutros investimentos. As novas ETAR de Pernes, Póvoa de Santarém e Amiais de Baixo e a extensão da rede de colectores de esgotos em mais de 50 km são obras a destacar.Pelo caminho ficou a abertura do capital da empresa a privados, com a alienação de 49 por cento por 15 milhões de euros, uma operação chumbada pelo Tribunal de Contas.