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O jovem atleta olímpico que Azambuja esqueceu

Pedro Isidro vai competir nos 50 quilómetros de marcha

O último atleta a integrar a comitiva olímpica de Londres nasceu no concelho de Azambuja e é o primeiro atleta com deficiência a integrar a comitiva principal. A falta de condições no concelho obrigou-o a ir para Lisboa treinar. No dia 11 vai competir nos 50 quilómetros de marcha com uma bandeira de Portugal na bagagem.

Ser escolhido para integrar a comitiva de 77 atletas portugueses que vão aos Jogos Olímpicos de Londres foi a melhor medalha que Pedro Miguel Isidro, 27 anos, natural de Aveiras de Baixo, Azambuja, poderia ter recebido.Além de ser a primeira vez que vai aos jogos olímpicos esta é também a primeira vez que um atleta com deficiência cognitiva consegue ser escolhido para integrar a comitiva principal. Vai a Londres representar as cores de Portugal e do concelho sem nenhuma ajuda de empresas ou da câmara municipal. Na realidade nem uma bandeira do concelho o município emprestou ao atleta, que por falta de condições foi obrigado a treinar em Lisboa. Embarca a 5 de Agosto e compete a 11 de Agosto, às 09h00, numa marcha de 50 quilómetros onde o objectivo é melhorar a sua marca pessoal. A concorrência é forte e Pedro considera-se um vencedor à partida. A deficiência de que é portador afecta-lhe a concentração, memória e a aprendizagem. Foi o desporto que o ajudou a meter os problemas cognitivos para trás das costas e tornar-se num atleta profissional. A sua prova vai demorar quase 4 horas. Nasceu a 17 de Julho e pratica atletismo há nove anos, representando o Sport Lisboa e Benfica, campeão nacional de atletismo, onde é treinado por Luís Dias. Conseguiu os mínimos A para Londres no dia 13 de Maio em Saransk, na Rússia, com 3 horas e 58 minutos de marcha. Já ficou em segundo no campeonato nacional, 30º lugar na Taça do Mundo e 16º na Taça da Europa.Actualmente está desempregado mas faz uns biscates de serralharia para ter algum dinheiro. Não tem patrocinadores e os pais - que trabalham em Lisboa - ajudam-no. Até há pouco tempo ainda recebia um apoio da Câmara Municipal de Azambuja mas isso acabou há três anos. Ser escolhido para representar Portugal nos jogos olímpicos apanhou-o de surpresa. “Espero dar o meu melhor”, garante. Pedro viveu com os pais em Vale de Judeus, Alcoentre, até estes se mudarem para Lisboa.Fazer 50 quilómetros de marcha não é uma tarefa fácil e, conta o atleta, as dores começam aos 30 quilómetros. “Não exagerar nos ritmos, andar certinho e não me sentir pressionado a andar mais rápido é o segredo. Quem pressionar muito paga caro a factura”, explica a O MIRANTE. Nunca participou nos jogos paralímpicos porque a marcha não integra o programa de provas. Nos tempos livres gosta de treinar, estudar, passear e divertir-se com os amigos. O marchador faz também parte da Associação Portuguesa de Deficientes.Azambuja está “destruída” ao nível do desportoPedro Isidro diz que gosta de Azambuja e das suas gentes mas lamenta que os dirigentes políticos não tenham privilegiado as condições desportivas no concelho. “Não existe uma pista de atletismo e já não existe uma prova de corrida. Azambuja está muito destruída ao nível do desporto. Também fico triste por terem fechado as piscinas de Azambuja. Como é que um concelho deixa aquele equipamento ficar ao abandono, não percebo”, lamenta. Pedro Isidro confessa que para um atleta de topo Azambuja não é um bom lugar para viver e praticar. “Gostava de levar uma bandeira de Azambuja mas não me deram nenhuma”, lamenta.

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