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Aficionado Manuel Serra d’Aire

Gostei de saber que ainda há festas de aniversário para crianças que são como nos tempos da minha meninice, em que se brincava aos cobóis e índios e em que a malta se engalfinhava à porrada em vez de estar sentada agarrada ao computador ou à playstation. É verdade que as festas da minha infância não tinham armas reais, como a daquela festa no Entroncamento que acabou aos tiros, nem acabavam às cinco da manhã, mas atendendo a que a festança de que falo se realizou na terra dos fenómenos parece-me perfeitamente normal. Tal como me parece razoável que as autoridades não tenham feito grande caso da coisa. Afinal tratava-se de uma festa privada e cada um festeja como quer, pode ou sabe.Ainda no âmbito da festa brava, fiquei perplexo com o comportamento da Câmara de Tomar, mais especialmente dos elementos do PSD e do PS que chumbaram uma proposta dos vereadores independentes que pretendia classificar a tauromaquia como “Património Cultural e Imaterial de Interesse Municipal”. Ter coragem para fazer uma pega de caras destas a uma das mais arreigadas tradições ribatejanas não é habitual na nossa classe política, mais habituada a chutar a bola para canto e a sacudir a água do capote. Mas, como não há bela sem senão, ouvir como justificação, por parte dos vereadores socialistas, que não há tradições tauromáquicas numa cidade que tem uma praça de touros no activo, um cavaleiro de topo chamado Rui Salvador, um grupo de forcados e muitos aficionados já entra no domínio do delírio e é uma farpa apontada à inteligência de qualquer pessoa minimamente consciente da realidade que a cerca. Aliás a discussão do tema presta-se a múltiplas metáforas taurinas, porque os elementos do PSD, segundo acusam os autores da proposta, votaram contra depois de terem sugerido que votariam a favor “numa reviravolta mirabolante apenas acessível a pessoas com coluna vertebral de incrível flexibilidade”. O que em boa linguagem tauromáquica podia ser classificado como uma autêntica chicuelina. Em Fátima aconteceu mais um milagre daqueles em que a cidade religiosa é fértil. Desta vez foi em pleno Centro Pastoral Paulo VI. Vê lá tu que o Santuário de Fátima apresentou um projecto à Câmara de Ourém para construir espaços para arrumos nos pisos inferiores, que a autarquia licenciou, mas depois das obras feitas constatou-se que afinal tinham sido construídas camaratas e quartos, como inicialmente tinha sido proposto pela igreja e a autarquia tinha rejeitado.Obviamente estamos perante mais uma manifestação de vontade divina, contra a qual a lei dos homens nada pode fazer por muitos regulamentos que se queiram apontar. Trata-se de uma versão moderna de um género de milagre com algumas réplicas noutros tempos, de que o milagre das rosas será o mais famoso entre nós. A rainha Santa Isabel transformou pão em rosas em Coimbra; no Santuário de Fátima arrumos foram transformados em hospedarias.Grato por ter nascido a tempo de assistir a tais fenómenos, despeço-me reverencialmente com uma genuflexão Serafim das Neves

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