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“O chá é no berço que se toma”

“O chá é no berço que se toma”

António Augusto Fresco, 68 anos, presidente da Junta de Freguesia de Minde
Vou voltar a estudar Direito. Quando me convidaram para me candidatar à junta, em 2005, cortaram-me o percurso académico que tinha idealizado. Estava matriculado em Direito na Universidade Lusíada e acabei por interromper os estudos. Os meus filhos desaconselharam-me a aceitar o cargo mas a insistência foi grande e fui avante. Este é o meu segundo e derradeiro mandato. Para o ano retomo o curso. Vim tomar conta do posto dos CTT de Minde porque a pessoa que cá estava foi dispensada por ter pensamentos contrários aos da gente daqui. Era para ser por um ano e acabou por ser definitivo. Entretanto, fui convidado para a direcção do Vitória Futebol Clube Mindense e como gosto de cumprir as minha obrigações acabei por ficar. Vim para cá com a minha esposa que era minha colega em Évora. Vamos fazer quarenta anos de casados no dia 8 de Outubro. Antes dos CTT fui funcionário das Finanças em Ovar. Cheguei a ser convidado para ir trabalhar para o “Banco Borges e Irmão” na Guarda mas não aceitei. Lembro-me que pedi autorização ao meu chefe da Repartição de Finanças para me ir deixar fazer os exames para o banco, embora lhe tenha dito que era para tratar de assuntos pessoais, mas indeferiu-me o pedido. Quando fui almoçar tinha um telegrama para me apresentar nos Correios em Évora. Nessa mesma tarde fui comprar um embrulho de papel selado e apresentei a minha demissão das finanças. Reformei-me dos correios em Setembro de 2005.Tenho uma empresa de bordados há 20 anos. A minha esposa aposentou-se primeiro que eu pelo que criámos uma pequena indústria. Sou eu que trato da contabilidade. Divido o meu tempo entre a junta de freguesia e a fábrica. As contas da autarquia estão consolidadas. A minha máxima é: tenho o dinheiro faço, não tenho dinheiro não faço. Tomámos conta da autarquia em 2005. Os membros do executivo dão-se bem e penso que tratamos as coisas da melhor forma. Tanto na minha vida autárquica como na vida privada gosto de ter tudo direitinho. Sempre fui uma pessoa de fácil relacionamento com os outros. Estou envolvido na vida de várias associações. Sou presidente do conselho fiscal do Clube Vitória Mindense, sou presidente da assembleia geral da Banda Sociedade Musical Mindense e ainda faço parte da direcção dos Bombeiros de Minde. Nos CTT lidei sempre com muitas pessoas e penso sempre tratei todos por igual embora gostasse de facilitar a vida aos mais idosos e desfavorecidos. Já viajei pelo mundo inteiro. Gosto muito de viajar e esse gosto é partilhado pela minha mulher. Só me falta ir aos Estados Unidos da América. É a próxima viagem a fazer. Quando estou com a família, sou uma pessoa conversadora. Não sou um bom garfo mas a minha mulher é uma óptima cozinheira e adoro os nossos almoços de família. Antes de ser presidente de junta já tinha sido vereador na Câmara de Alcanena, a tempo parcial, pelo CDS-PP. Se o Dr. Sá Carneiro não tivesse morrido seria hoje militante do PSD. Navego nestas águas. Em 2005, os independentes perguntaram-me se queria concorrer. Ganhámos com maioria absoluta.Nasceu a 23 de Janeiro de 1944, no concelho de Freixo de Espada a Cinta, Bragança. Sou um orgulhoso homem do Norte. Nasci em Lagoaça, a maior aldeia do concelho de Freixo de Espada. Os meus pais sempre me incentivaram a estudar mas estive mais de 20 meses na tropa e um indivíduo habitua-se a ganhar algo pelo que recomeçar de novo é difícil. Os meus pais tinham um estabelecimento já de alguma dimensão na terra, onde vendiam desde o alfinete até às máquinas agrícolas mas não enveredei pelo negócio. Quando sair da junta quero visitar mais vezes a minha aldeia, onde tenho uma casinha e sou sempre muito bem tratado. O chá é no berço que se toma. A minha máxima de vida é a honestidade e tento pôr em prática os valores que me foram transmitidos pelos meus pais. Ao fim-de-semana aproveito para tratar de assuntos que, durante a semana, ficaram para trás. Gosto de sossego. Os meus tempos livres são passados em casa, a ver televisão. Não sou muito de frequentar cafés porque não oiço, nem digo. Elsa Ribeiro Gonçalves
“O chá é no berço que se toma”

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