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Na aldeia cultural de Cem Soldos vai acontecer mais um festival dos “Bons Sons”

Na aldeia cultural de Cem Soldos vai acontecer mais um festival dos “Bons Sons”

De 16 a 19 de Agosto música experimental ou com cheiro a terra feita por portugueses

Um clube de uma terra pequena no concelho de Tomar faz de dois em dois anos um grande festival “à escala humana” que cada vez atrai mais gente sedenta de um ambiente de partilha.

É um festival de aldeia com música e público urbano. Realiza-se de dois em dois anos e chama-se “Bons Sons”. Este ano decorre entre 16 e 19 de Agosto. Durante esses dias, aos mil habitantes de Cem Soldos, no concelho de Tomar, vão juntar-se uns bons milhares de visitantes. Quarenta mil deseja o responsável pela organização, um designer da terra de nome Luís Ferreira, que trabalha em Lisboa. Foi ele e os amigos que iniciaram tudo em 2006 na associação da terra, o Sport Club Operário de Cem Soldos. “Estávamos a organizar o “Acontece Cem Soldos” no âmbito do 25.º aniversário da colectividade. Analisámos o programa e concluímos que não nos satisfazia e que podíamos rentabilizar os meios logísticos (como os stands, as mesas e cadeiras) com um programa musical diferente”, recorda. Ainda sem cobrança de bilhetes e apostando em bandas portuguesas quase desconhecidas, a festa teve bastante sucesso. A edição deste ano é a quarta. Nas duas primeiras as entradas para os espectáculos eram gratuitas. Agora custam 15 euros por cada dia ou 35 pelos quatro dias com direito a acampar. O improvisado parque foi montado num terreno de dois hectares limpo por voluntários. Para alojar quem não aprecie campismo há a oferta hoteleira da região e alguns habitantes da aldeia que aproveitam para alugar casas ou quartos. Este ano o trânsito vai ser controlado até três quilómetros da aldeia para evitar filas gigantes como aconteceu nas edições anteriores. A ecologia não foi esquecida e, para além de uma recolha de lixo mais periódica e reciclada, os copos de plástico são substituídos por canecas de alumínio. Nos dias do Festival, a organização providencia, de hora a hora entre as 10h00 e as 3 da manhã, um transfer em autocarros entre a estação de camionagem de Tomar e Cem Soldos, ao preço simbólico de um euro (ida e volta). O recinto da festa é a aldeia toda e toda a aldeia, ou quase, participa na festa. O festival tem como mascote a lagartixa Tixa que as senhoras da terra produzem e vendem. O “Bons-Sons” que altas horas da madrugada quando os concertos terminam, muda de nome para “Bons Sonhos” passou de uma “maluquice” de jovens para um caso sério do panorama de festivais de Verão. A aceitação dos habitantes nem sempre foi a melhor. Durante quatro dias acaba-se o sossego e nem todos gostam da grande confusão que se instala.Apesar do director artístico garantir que todos os habitantes foram conquistados para a realização do festival é ele próprio que conta que ainda na última edição nem tudo foi pacífico embora tenha acabado em paz.Um senhor que tinha uma vinha ao lado do parque de campismo entrou pela sede do clube adentro e disse a Luís Ferreira que se alguém lhe roubasse um cacho de uvas que fosse ele ia lá ter com ele e lhe dava um tiro.Felizmente havia entre o público um grupo que tinha vindo da Trofa, terra onde o preocupado agricultor tinha feito a tropa e da qual guardava saudades. Foi quanto bastou. Os trofenses foram alojados no quintal do senhor das uvas , depois de prometerem que só comeriam figos e pêssegos e desapareceram as nuvens negras que por momentos tinham toldado a razão do tal senhor.“Com espaço e tempo, as pessoas aceitaram e envolveram-se no festival. Sabem que há respeito pela sua aldeia e por isso, de forma generosa, aceitam receber as pessoas”, conta o actual presidente da direcção do Sport Club Operário. E acrescenta que não há trabalhos forçados. “Os voluntários apenas trabalham naquilo que gostam, sendo delegadas competências efectivas a cada um”, refere. Para além da equipa organizadora, com um núcleo de 50 pessoas, o festival conta com mais 150 voluntários da aldeia e 60 voluntários de fora.Quanto aos visitantes, Luís Ferreira promete-lhes que vão viver um ambiente diferente dos ambientes habituais de qualquer festival. E ele sabe do que fala porque antes do “Bons Sons” era cliente frequente de muitos. “É um festival onde as pessoas se sentem em casa. É completamente diferente estar a pedir uma cerveja e do outro lado em vez de lhe dizerem que é um euro perguntarem-lhe se está a gostar”, exemplifica. Músicos portugueses que façam a diferençaA trabalhar numa empresa de design em Lisboa, Luís Ferreira, regressa todos os fins-de-semana a Cem Soldos e, por estes dias, ainda com mais frequência. É ele quem desenha a programação do evento, não abdicando da sua fórmula.“Tem que ser música portuguesa, que está a fazer alguma coisa neste momento e não pode ainda ter vindo ao Festival. E depois tem que ter uma matriz terra ou ser uma sonoridade mais experimental, como Indy Rock. Apostamos em grupos que estejam abertos a contaminar-se com outros estilos musicais”, conta. As excepções confirmam a regra, costuma dizer-se. Este ano passam pela aldeia para tocar e cantar, nomes bem conhecidos e com carreira feita e bem feita como Vitorino ou Maria João e Mário Laginha. Já para não falar da Naifa e dos Legendary Tigerman ou dos espanhóis “El Naán”.Ao todo são 42 bandas que percorrem oito espaços distintos. O programa completo pode ser consultado em www.bonssons.com
Na aldeia cultural de Cem Soldos vai acontecer mais um festival dos “Bons Sons”

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