Durante o desfile histórico e etnográfico das festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo, em Coruche, quando o rancho passou em frente à tribuna onde estavam os convidados de honra, desafiou o presidente da câmara, Dionísio Mendes, para um pezinho de dança. O desafio foi feito em verso mas mesmo que fosse em prosa, o autarca não resistiria a mostrar que os seus dotes de antigo bailador se mantêm. “O Rancho de Vila Nova da Erra / No cortejo quis entrar / Venha lá senhor Dionísio Mendes / Com uma moça bailar”. E lá foi ele para o meio da rua dançar com o povo. Não podendo recandidatar-se ao cargo no próximo ano e sendo dos poucos presidentes da região que tem as contas da sua câmara equilibradas, ninguém o poderá acusar de ter feito um bailado eleitoralista. Na manhã quente de 17 de Agosto, feriado municipal, centenas de participantes das oito freguesias do concelho, desfilaram durante duas horas, perante milhares de espectadores, com partida da praça de touros e chegada ao mesmo local. O desfile foi encabeçado por cavaleiros. Nas varandas e janelas havia colchas e mantas coloridas penduradas. Campinos conduzindo cabrestos; figurantes vestidos de trabalhadores do campo conduzindo cabras, burros e bois, tudo ao som da banda da Sociedade de Instrução Coruchense. “A emigração e os movimentos migratórios” foram o tema do cortejo deste ano. A saída de coruchenses para o estrangeiro e a vinda de trabalhadores do Algarve e do norte do distrito para os campos da região foi representada nos carros alegóricos onde se podiam ver como se mondava e ceifava e como se extraía e extrai cortiça. Na Praça da Liberdade, em frente aos Paços do Concelho, as “barroas”, mulheres que chegavam de outras regiões para trabalhar nos campos de Coruche, armam burburinho. Chegaram para trabalhar muitas partem grávidas.