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“Parti muitos pratos na fábrica de loiça onde trabalhei aos 16 anos”

“Parti muitos pratos na fábrica de loiça onde trabalhei aos 16 anos”

Vítor Silva, director comercial da Tagusgás em Rio Maior

O director comercial da Tagusgás nasceu em Ílhavo, Aveiro, mas Santarém chamou-o por duas vezes. Primeiro para cumprir o serviço militar na Escola Prática de Cavalaria. Depois, em 2000, para agarrar o projecto da Tagusgás. Vive actualmente em Rio Maior e da sua casa tem vista para as salinas. É no seu jardim que colhe, aos sábados, a energia para uma semana de trabalho.

Parti muitos pratos na fábrica de loiça onde trabalhei aos 16 anos. Lembro-me da máquina enorme de onde saíam seis a oito pratos de cada vez. Tinha que segurá-los rapidamente com as duas mãos e colocá-los numa outra máquina. Ao princípio era o caos. Eu a pegá-los e eles a caírem. Até que adquirisse a técnica foi complicado. Depois acabei por adaptar-me. Também fui recepcionista num parque de campismo e trabalhei com a minha mãe que explorava um restaurante e bar na praia. Tinha por hábito trabalhar no Verão para ter fundo de maneio. Os trabalhos de Verão ajudaram-me a abrir os olhos mais cedo. Toda esta aprendizagem fez com que a minha atitude perante o mundo empresarial fosse diferente. Ganhei desenvoltura em termos comunicacionais, o que me permitiu mais tarde abraçar a carreira da área comercial, em 1997, apesar de ser formado em gestão. Aprendi com o meu avô pescador a fazer nós de marinheiro. Ainda hoje quando vejo uma corda dá-me vontade de começar a fazer diversos nós. Mais tarde o meu avô aproveitou esses conhecimentos e criou peças originais, como suportes de vasos. A profissão que teve exigia que fosse habilidoso. Trabalhou na frota bacalhoeira. Ia com os barcos à pesca de bacalhau à linha. Tenho uma ligação familiar ao mar. O meu pai esteve na marinha mercante e o meu irmão é capitão da marinha. Moro em Rio Maior mas inicialmente, quando deixei Aveiro para vir trabalhar para a Tagusgás, vivi em Santarém. Interpretei isso como uma espécie de segundo chamamento. Tinha cumprido o serviço militar na Escola Prática de Cavalaria em Santarém. Prefiro conduzir do que ser conduzido. Só quando estou muito cansado é que abandono o volante. Ando muito de carro. Faço uma média de 50 mil quilómetros por ano. Antigamente fazia viagens mais pequenas com maior frequência. Agora faço viagens de maiores distâncias. Normalmente vou a ouvir música. A melhor coisa que fizeram foi a A15 que me leva até ao mar.Tratar do meu jardim é uma actividade relaxante. Ao sábado encontram-me a plantar flores, árvores ou a cortar relva. De vez em quando tenho o apoio de um jardineiro. A minha casa tem vista para as salinas de Rio Maior. Gosto de ter um tapete verde de relva e flores de cor. Nos tempos livres também faço exercício no ginásio e cycling. É uma actividade fechada mas saio de lá bastante mais descontraído. Na altura da proliferação dos vídeo clubes era um consumidor agressivo. Tinha que ver rapidamente as novidades que saiam. Deixei-me disso. Agora vou ocasionalmente ao cinema. Não tantas vezes como gostaria. Não sou adepto de livros de ficção. Todos os dias leio um jornal especializado em economia e ao fim de semana dedico-me a revistas da especialidade do gás. Fui ensinado pelos meus pais a fazer tudo em casa. Sei fazer uma cama e se for necessário aspiro. A pior coisa que me pode acontecer é ter as coisas desarrumadas. Isto vai mudar um pouco porque há um mês nasceu o Miguel, o nosso neto. Não tenho filhos biológicos mas considero como meu o filho da minha esposa. Também gosto de cozinhar. Faço um bacalhau apreciado lá em casa. Desfio o bacalhau, levo-o ao forno com batatas às rodelas, muita cebola, muito azeite e orégãos. Por cima coloco natas e pão ralado. É fácil e rápido. Não olho para os livros. Cozinho para consumo interno e sou criativo. Sou dirigente associativo e estou a gostar da experiência. A Associação Cultural e Recreativa de Teira e Casal da Velha, em Alcobertas, Rio Maior estava fechada há muitos anos e um grupo de amigos decidiu reabri-la e convidou-me. Tenho trabalhado com uma equipa excepcional. Organizámos uma prova de BTT que no ano passado teve mais de 400 participantes e fazemos também a festa anual. A diferença entre o possível e o impossível está na vontade humana. Gosto desta frase de Pasteur. Orgulho-me de ter ajudado muitas pessoas por intermédio da política de responsabilidade social da empresa onde trabalho. No primeiro ano do projecto reformulámos uma sala de leitura e convívio do lar das raparigas. Foi um dia que me encheu o coração. Às vezes é possível com pouco fazermos muito. Considero-me uma pessoa muito optimista. Só vivo do positivismo. A minha energia é sobretudo positiva.Ana Santiago
“Parti muitos pratos na fábrica de loiça onde trabalhei aos 16 anos”

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