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Racionamento da água nas salinas de Rio Maior gera divergências

Racionamento da água nas salinas de Rio Maior gera divergências

Polémica entre cooperativa e produtores de sal não associados
Em ano de pouca ou nenhuma chuva, a Cooperativa Agrícola dos Produtores de Sal de Rio Maior (COOPSAL) decidiu racionar a água proveniente da nascente em função da área ocupada pelos seus associados nas salinas, o que não agradou aos proprietários que não integram essa entidade, que ficaram com uma percentagem proporcional à sua dimensão: cerca de 10 por cento, ou seja uma hora de abastecimento diário de água para a produção de sal.A cooperativa reúne cerca de 90 por cento dos produtores de sal e ocupa uma área com cerca de 25 mil metros quadrados, o que corresponde a 400 talhos. A restante área de talhos, cerca de 1500 metros quadrados, é pertença da empresa Loja do Sal e de mais alguns produtores individuais, no total de 60 talhos.José Casimiro, presidente da COOPSAL, diz que não fez mais do que aplicar a rega da proporcionalidade da propriedade dos talhos para uma melhor utilização da água mas Luís Lopes, da empresa Loja do Sal, diz que aquela entidade não tem qualquer legitimidade para impor a hora e quantidade de água a recolher. “Sabemos que há menos água do que num ano de chuva mas a cooperativa não pode impor estas regras. Eu tenho direito a tirar a água que preciso do poço à hora que entender, não preciso de fazer marcação. Tanto pode ser uma hora como podem ser três”, refere Luís Lopes.A produção de sal necessita que um talho tenha quatro ou cinco centímetros de altura de água durante cerca de sete dias. Luís Lopes defende que deve poder continuar a bombear água do poço, através de mangueiras, sempre que se justifique, e acusa a cooperativa de sempre ter tido uma má relação com os produtores individuais.Para José Casimiro, a decisão de gerir a água em função da área ocupada tem toda a lógica e não percebe a posição do responsável da empresa, assegurando que, há duas semanas, se tinha chegado a acordo com o pai de Luís Lopes, que terá concordado em dispor de uma hora diária de rega, sete horas por semana. “No caso de não o fazer num dia, rega os talhos noutro dia durante duas horas. Anteriormente, essa empresa pagava cerca de mil euros anuais à cooperativa e tinha água, electricidade e nenhuma preocupação. Resolveram pôr-se à parte e já não se percebe bem o que querem”, responde José Casimiro.Luís Lopes recorda que a empresa tem todo o direito de ir pelo seu caminho empresarial, lembrando que o sal da cooperativa é entregue na indústria têxtil, de panificação e de curtumes, enquanto o seu produto tem como destino a restauração, o consumidor final e os chefes de cozinha.Exploração tem séculosA exploração das marinhas do sal, também conhecidas como salinas da Fonte da Bica, remonta a, pelo menos, 1177, de acordo com informação do IGESPAR. Localizam-se no sopé da Serra dos Candeeiros, com a jazida de sal-gema situada num poço de aproximadamente oito metros de profundidade e quatro de largura. A produção de sal resulta do enchimento dos cerca de 470 talhos com água, que fica a evaporar sete dias. Só depois os “marinheiros” removem e armazenam o sal em casotas de madeira. Por cada litro de água são retirados 200 a 300 gramas de sal. A indústria tem sido gerida pela COOPSAL desde 1979 na produção do sal artesanal.
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