Trabalho há 36 anos e sempre levei lancheira para o trabalho. Ao longo deste tempo passei por três empresas. Nenhuma delas tinha refeitório mas duas delas (uma das quais a actual) disponibilizavam frigorífico, fogão e agora microondas. Embora fossem empresas de mais de trinta trabalhadores sempre fui dos poucos (mais uns dois ou três) que adoptei o sistema de levar o almoço para não gastar dinheiro em restaurantes ou cafés de minipratos. A maioria dos meus colegas e ex-colegas nunca fez o mesmo por uma questão de status ou porque alguns moravam perto e podiam ir comer a casa. A crise já anda por aqui há pelo menos um ano e a situação mantém-se. Somos quatro em quarenta e três a comer na empresa. Dou este testemunho para que não se pense que a lancheira e o farnel estão a regressar. Eles nunca acabaram. A minha mulher trabalha numa grande empresa que tem cantina. As refeições são baratas lá uma vez que ela pode comer por pouco mais de 4 euros mas também leva comida de casa. Não somos ricos.Arnaldo Joaquim Mota Soutinho