A ideia da criação de apoios para a compra de carros por desempregados não é tão absurda como parece. Nos Estados Unidos da América há associações que lutam para conseguir esse objectivo. A ideia é simples. Quem não tem carro próprio não pode aceitar qualquer emprego. E em Portugal, o que acontece? Com a taxa de desemprego a aumentar assustadoramente criam-se todas as dificuldades a quem quer comprar carro. E quando se fala em comprar carro para poder aceitar um emprego isso tanto funciona para um desempregado como para alguém que está empregado e que precisa manter o emprego que tem. Os transportes públicos são quase inexistentes e a tendência é para diminuírem. À noite e aos fins de semana, pura e simplesmente não existem. Ao mesmo tempo há cada vez mais pessoas a trabalhar por turnos e aos fins de semana. Como se pode aceitar ou manter um emprego sem ter um meio de transporte. Não se conhecem estudos sobre este assunto mas não é difícil adivinhar que a falta de transporte contribui bastante para o aumento do desemprego. A pouco e pouco vai sendo criada legislação destinada a evitar que as famílias percam as casas que estão a pagar aos bancos. Neste momento discute-se o assunto na Assembleia da República. Haverá algum partido capaz de colocar com seriedade o problema do transporte próprio na agenda política ou vão todos fazer de conta que subsidiando os transportes públicos nas grandes cidades o problema da ida para o trabalho está resolvido?Nesta edição falamos do sector automóvel. Aniquilando este sector através da diminuição dos rendimentos das famílias e da criação de múltiplas dificuldades no acesso ao crédito automóvel a situação só vai piorar. Como conseguir trabalhar sem ter um carro para se deslocar para o trabalho é o drama de centenas e centenas de cidadãos.