O braço-de-ferro entre a Câmara Municipal de Abrantes e a Junta de Freguesia de São Facundo, associação de pais e população originou que os 21 alunos da escola primária de São Facundo, oriundos das localidades de Barrada, Vale Zorrinho e São Facundo, faltassem ao primeiro dia de escola do ano lectivo 2012/2013. Na segunda-feira, 17 de Setembro, o autocarro disponibilizado pela câmara deslocou-se até São Facundo para levar as crianças para o novo Centro Escolar da Bemposta, a seis quilómetros de distância, mas os pais não deixaram os filhos seguir viagem, situação “lamentável” para a vereadora da educação Celeste Simão (PS). “Hoje não foi ninguém mas amanhã (terça-feira) já devem ir porque a DREL invocou interesse público” no âmbito da providência cautelar interposta para tentar evitar o encerramento da escola e de que ainda não há decisão, disse a O MIRANTE o presidente da junta de freguesia, Manuel Campos (ICA).Os pais e encarregados de educação da EB1 de São Facundo contestam o encerramento da escola, alegando que há um número “suficiente” de alunos para a sua manutenção e colocaram uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria para anular o encerramento do estabelecimento de ensino. “Estou convencido que a escola não pode fechar. Este é um processo que se arrasta desde Setembro de 2011, onde levei uma petição com 300 assinaturas da associação de pais que solicitava a revisão da carta educativa mas o assunto nunca foi discutido nem nessa nem nas assembleias seguintes. A câmara agiu com má-fé”, atesta o presidente da junta. A câmara municipal, por sua vez, acena com a bandeira da carta educativa aprovada e defende o encerramento da escola dada a proximidade do Centro Escolar de Bemposta. “Se não fosse este ano, a escola seria encerrada no próximo pelo que quisemos resolver já este assunto”, disse a vereadora da educação a O MIRANTE, acrescentando que as crianças são as mais penalizadas com a atitude dos pais.João Marchante, representante da comissão de pais, não concorda. “Os pais sentem que foram enganados pela câmara. Zelamos pelo bem-estar das nossas crianças e perante a lei, a escola tem que continuar aberta. As pessoas perdem contacto com as crianças e estas com as suas raízes”, atesta. Refira-se que a Direcção Regional de Educação (DREL) decidiu manter a transferência dos alunos da Escola de São Facundo para o Centro Escolar de Bemposta até à decisão do Tribunal Administrativo relativamente à providência cautelar apresentada pelos pais, invocando “interesse público”. O presidente da junta diz ter dúvidas acerca dos argumentos da DREL e promete continuar a lutar. “Através do nosso advogado, vamos ver se esta posição é legal e se foi requerido o interesse público nesta matéria”, notou. O autarca referiu a O MIRANTE que o encerramento da escola acarreta prejuízos para a freguesia “As pessoas não se resignam. É mais uma valência que se perde. Posto médico já não temos e este é o único serviço que podemos prestar na freguesia”.