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“Insultos, ameaças e tentativas de agressão na Assembleia Municipal de Santarém”

Acabo de tomar conhecimento, com muita tristeza e grande apreensão, da forma atribulada como decorreu a última sessão da Assembleia Municipal de Santarém, com insultos e tentativas de agressão. 1. Muita tristeza, porquanto não posso deixar de fazer comparações com o passado e recordar a forma cordata e responsável como decorriam, então, as assembleias municipais, quer aquelas que integrei como deputado eleito, quer, mais tarde, aquelas em que participei, como vereador do executivo municipal. Era frequente, nos temas mais delicados ou em propostas dos diversos grupos partidários, tentar-se um entendimento prévio, que culminava, muitas vezes, com a subscrição de propostas originárias de um determinado grupo, por elementos de outras formações partidárias. Quantas vezes, após acesos debates, os intervenientes se juntavam, no final das sessões da assembleia, em qualquer bar ou cervejaria, para, à volta da mesa, partilharem momentos de são convívio e camaradagem. Apesar das diferenças ideológicas e das perspectivas diversas sobre os temas em debate, apesar do calor e da convicção postos por cada um na defesa do seu ponto de vista, isso nunca foi obstáculo a que todos se respeitassem e que, em muitos casos, se criassem, entre os eleitos das várias forças políticas, verdadeiras amizades que se mantêm e perduram.2. Além de tristeza, senti, igualmente, uma grande apreensão. Preocupação pela sociedade que estamos a construir e que vamos legar aos nossos filhos e netos e receio pelo rumo da nossa democracia. A análise que, quanto a mim, se impõe, é reflectirmos sobre a razão por que chegámos a este ponto e os factores que contribuíram para o actual clima de crispação. Podemos invocar situações de desconsideração pessoal, utilização de linguagem menos própria e insultuosa, a falta de diálogo, a tomada de decisões sem ouvir os interessados ou deliberações consideradas menos democráticas, tudo isto inserido num clima geral em que as pessoas se sentem esmagadas pelo peso de uma austeridade excessiva, dada a incompreensível teimosia de se impor a necessária redução do défice num período extremamente curto, o que está a destruir a nossa economia e, consequentemente, a avolumar os dramas pessoais, com os portugueses cada vez mais depressivos e com os nervos “à flor da pele”.3. Nestas circunstâncias impõe-se, mais do que nunca, prevenir situações lamentáveis como a descrita e, para isso, é indispensável que haja bom senso, que cada responsável assuma com coragem democrática a sua função, que se respeitem os outros e as suas ideias, que haja abertura ao diálogo e que seja banida, de vez, toda a linguagem imprópria e provocatória. Joaquim Castanho

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