José Milheiro sempre quis ser médico. Nunca se imaginou a fazer outra coisa. A memória mais antiga que guarda da sua vocação profissional foi quando frequentava a quarta classe na escola primária de São Bento, em Santarém. Na altura teve que escrever uma redacção sobre o que queria ser quando fosse grande. Não hesitou e garantiu que queria ser médico. Seguiu o seu sonho e só na faculdade é que optou pela especialidade de dentista.Nasceu em Lisboa há 52 anos mas viveu vários anos em Santarém, terra natal da sua família. José Milheiro exerce a sua profissão há mais de duas décadas e os seus dias são passados entre Lisboa e Santarém onde dá consultas. Segundas, quartas e sextas na cidade escalabitana e terças e quintas na capital portuguesa. O médico explica que quando começou a trabalhar havia uma grande diferença entre os pacientes de Lisboa e os de Santarém. “Em Santarém havia muitas consultas de urgência. As pessoas só recorriam ao dentista quando estavam aflitas e já pouca coisa havia a fazer para salvar a situação”, conta a O MIRANTE.Os tempos mudaram e as pessoas ganharam maior consciência sobre a importância de manter uma boca saudável. O segredo, diz José Milheiro, é lavar bem os dentes. Segundo o médico dentista, lavar bem os dentes leva tempo e dá trabalho. “Normalmente as pessoas pensam que lavar os dentes em trinta segundos ou um minuto é o suficiente mas não é verdade. Além da escova e da pasta dentífrica é preciso usar escovilhões e fio dentário”, esclarece. Esta lavagem mais completa deve ser feita pelo menos uma vez por dia sobretudo à noite uma vez que a mastigação da comida faz a auto lavagem dos dentes, o que não acontece durante a noite. Depois das refeições também se deve ter o cuidado de lavar os dentes. Os problemas mais comuns que aparecem para tratar no consultório são as cáries, que aparecem quando não se lava bem os dentes. “Podemos comer açúcar, com conta, peso e medida, mas é obrigatório lavar os dentes depois de ingerir comida com açúcar”, explica acrescentando que os pais já têm a preocupação de incutir essa ideia nas crianças. No entanto, ainda existem muitas pessoas, sobretudo com idades acima dos 40 anos, que tiveram uma má saúde oral nos primeiros anos de vida, que se reflectem hoje em dia, e ainda sofrem com isso.Apesar da grande evolução que aconteceu nas últimas décadas, ainda há uma grande maioria de pessoas que só vai ao dentista quando tem algum problema e já não suporta as dores. Mas também há muitos pacientes que têm o hábito de fazer consultas de rotina de seis em seis meses ou uma vez por ano. José Milheiro explica que os seguros de saúde trouxeram mais pessoas ao dentista uma vez que tornaram mais baratas as consultas.O dentista diz que os portugueses já se preocupam mais com a saúde oral mas não tanto quanto deviam. Dá o exemplo de uma paciente que teve na semana passada, com 30 anos, que nunca tinha ido ao dentista. “Ela disse que nunca tinha tido problemas e por acaso tinha a boca quase em condições perfeitas”, explicou.Em relação às crianças, José Milheiro defende que devem ir ao dentista o mais cedo possível para se habituarem ao médico e aos aparelhos que envolvem uma consulta de dentista. “O objectivo é para quando um dia for preciso fazer algum tratamento já estarem habituados e não se assustarem com tanto equipamento que vai estar à sua volta”, sublinha. No entanto, continua a haver um grande medo da cadeira do dentista. José Milheiro garante que há pacientes mais velhos que têm mais receio que as crianças. “Se não magoarmos uma criança que nunca veio ao dentista temos um doente para a vida inteira, sem medo”, diz acrescentando que o medo dos adultos vem de traumas que tiveram durante alguma consulta.