uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Andreia Cercas

26 anos, economista, Azambuja

Os políticos deviam andar de Clio, como cidadãos normais, ao contrário do que diz Francisco Assis. Estão a prestar um serviço à sociedade. Por que é que têm que andar a passear-se com carros caros e motoristas quando pedem sacrifícios à população.Eu recebia quase dois ordenados mínimos nacionais quando trabalhava e mesmo assim não saía de casa dos meus pais porque não tinha capacidade financeira para me aguentar numa casa com todas as comodidades que tenho. Não sei como é possível viver com menos de 800 euros.

Emigrar é a solução que resta aos jovens para arranjar emprego?Eu, que estou desempregada há um mês, passo os dias a ouvir dizer que tenho que emigrar. Por enquanto vou resistindo. É muito mais fácil avançar quando se tem um namorado e se toma essa decisão em conjunto com a perspectiva de construir uma vida a dois lá fora. Estando sozinha é um risco grande. Por outro lado o meu inglês não é fluente. Teria que começar por trabalhar noutra área. Não que isso seja desprestigiante mas torna tudo mais difícil.Nos dias de hoje vale a pena investir num curso superior?Acho que vale sempre a pena. É uma forma de enriquecimento pessoal. Uma licenciatura abre-nos horizontes mesmo que não nos garanta emprego. Sem estudos é tudo mais difícil. Não me imaginava a morar na casa dos meus pais aos 26 anos. Imaginava-me com o meu emprego, a minha casa e a minha independência. Sempre me disseram que se estudasse seria recompensada. A verdade é que tenho um mestrado e estou desempregada e em casa dos pais, mas acho que sim, que ainda assim vale a pena.Se lhe oferecessem uma viagem que destino escolheria?Adoraria ir ao Brasil. Gosto do calor. Do chinelo no pé. Fascina-me a alegria e a energia das pessoas. Estão sempre bem-dispostos e não são tão mesquinhos como nós. A grandeza do país também é outra.Qual foi o último livro que leu?“O amor é uma carta fechada”. Foi o último livro que li. O psicólogo Quintino Aires fala das relações, do que se deve e não fazer tendo como base alguns testemunhos da sua experiência clínica. Dá alguns exemplos e depois emite o seu parecer. Há coisas com as quais não concordo... Não gosto de olhar para o amor de uma forma crua. Analisar estas coisas friamente não faz sentido. Prefiro deixar-me ir. No fim de contas estamos a falar de emoções. De outra forma não vale a pena vivê-las.De que sente falta em Azambuja?Só vivo há seis anos em Azambuja. Morava em Massamá e por isso confesso que adoro a pacatez de Azambuja que me dá uma grande sensação de segurança. Não tenho medo de andar à noite na vila. Aquilo que tem é suficiente para a dimensão da terra. Mais desenvolvimento traria mais insegurança.Qual deveria ser o valor do ordenado mínimo nacional?Acho que o ordenado mínimo nacional, que não chega a 500 euros, não permite que se viva condignamente. Eu recebia quase dois ordenados mínimos nacionais quando trabalhava e mesmo assim não saía de casa dos meus pais porque não tinha capacidade financeira para me aguentar numa casa com todas as comodidades que tenho. Não sei como é possível viver com menos de 800 euros.O que está a falhar no plano do Governo para revitalizar a economia?No outro dia estive num jantar de turma e éramos oito economistas à mesa. Olhávamos uns para os outros e interrogávamo-nos: “o que é que eles estão a fazer?” Cortar no rendimento das famílias é um erro. O rendimento gera consumo e é do consumo que nós vivemos e que o Estado sobrevive por causa dos impostos. Se cortamos desse lado não há consumo. Se não se negoceia o prazo da dívida temos que cortar em tudo. É desumano. Estão a destruir a economia e as empresas estão a falir. Nem me atrevo a falar no próximo ano.Os políticos têm o direito de andar em carros topo de gama?Acho que os políticos deviam andar de Clio, como cidadãos normais, ao contrário do que diz Francisco Assis. Estão a prestar um serviço à sociedade. Por que é que têm que andar a passear-se com carros caros e motoristas quando pedem sacrifícios à população.Adia as idas ao médico ou à primeira dor corre para o centro de saúde?Só vou ao médico quando estou mesmo aflita. Faço-o sobretudo por causa do tempo que temos que ficar à espera. Quando tenho uma constipação, por exemplo, consigo curar-me em casa.Que desporto pratica?Já pratiquei desporto mas agora estou de férias... Na empresa onde trabalhava tínhamos uma sala onde fazíamos exercício físico à hora do almoço. Fazíamos vários tipos de exercícios ao mesmo tempo. Gosto desse conceito e não de estar fechada num ginásio a fazer sempre o mesmo exercício.

Mais Notícias

    A carregar...