Às seis da tarde de sábado, 1 de Dezembro, 58 voluntários ajudam na recolha, pesagem, selecção e armazenamento de alimentos no armazém que a delegação de Santarém do Banco Alimentar Contra Fome (BACF) tem arrendado na Estrada da Estação, na periferia da cidade. Esse é um dos dias mais agitados do ano, pois está em curso uma das duas recolhas anuais de géneros alimentícios que o BACF faz anualmente em supermercados. A essa hora foram já pesadas 17,3 toneladas de alimentos, o que indicia a superação do valor da campanha do ano passado na mesma data. O que se viria a confirmar. Este ano foram recolhidas 84 toneladas nos dias 1 e 2 de Dezembro, mais 7.500 quilos que em 2011.A polémica suscitada por declarações recentes da responsável nacional pelo Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, não parecem ter produzido efeitos negativos nas dádivas. E também não causaram mossa na adesão de voluntários, quer na recolha nos supermercados, quer no trabalho logístico no armazém do BACF de Santarém, dizem Ramiro Matos, presidente da organização em Santarém, e Margarida Sá Nogueira, responsável pela logística.Recolha e distribuição em 11 concelhosA delegação de Santarém recebe produtos recolhidos em superfícies comerciais dos 11 concelhos da Lezíria do Tejo, distribuindo-os depois, em cabazes mensais, por 64 instituições desses mesmos municípios que se candidataram para o efeito. Prevê-se abranger com os cabazes alimentares cerca de 7.500 pessoas carenciadas. Os artigos mais doados nesta campanha são massas, arroz, açúcar, enlatados diversos e leite. As carrinhas das várias entidades que colaboram com o BACF de Santarém vão chegando de várias proveniências transportando os sacos de plástico brancos tal e qual foram entregues pelas pessoas nos supermercados. A descarga é feita para recipientes, procedendo-se à sua pesagem. Os artigos seguem para um tapete rolante onde é feita a triagem por cerca de duas dezenas de voluntários. À medida que os contentores, a que chamam “paloxes”, são cheios com cada género alimentício vão sendo transportados por empilhador para a zona que lhes cabe em armazém.Os dados referentes ao peso de alimentos recolhidos são actualizados hora a hora num computador. O número de voluntários em funções no local está também permanentemente actualizado. As diversas funções são coordenadas por vários elementos e a máquina parece oleada. A logística tem tudo preparado para que nada falte a quem ali vai doar algumas horas do seu tempo livre. Há música ambiente para descontrair e o refeitório para os voluntários tem uma farta mesa posta com o apoio de um restaurante de Santarém e de outro de Almeirim.Combate ao desperdício feito ao longo do anoO combate ao desperdício é uma das missões do BACF ao longo do ano, num trabalho permanente que não tem a visibilidade mediática das campanhas de recolha de alimentos de Maio e de Novembro/Dezembro mas que é igualmente fulcral para o apoio a muitas famílias carenciadas. A delegação de Santarém procede três vezes por semana à recolha de alimentos frescos como pão, bolos, vegetais ou lacticínios em três lojas de uma cadeia de supermercados em Santarém e numa loja da mesma marca do Cartaxo. São excedentes alimentares que iriam para o lixo se não fossem recolhidos, diz a dona Nazaré, uma das responsáveis por essa missão.Há quatro anos em funcionamento (foi fundado a 27 de Novembro de 2008) e com cerca de 1500 voluntários inscritos, o Banco Alimentar Contra a Fome de Santarém é também medianeiro na distribuição de alimentos doados pela União Europeia a diversas instituições seleccionadas pela Segurança Social. Noutros dois armazéns que ocupa na cidade, estão actualmente guardados para distribuir cerca de 225 toneladas de alimentos.