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O técnico de electrónica e informática que queria ser mecânico de aviões

O técnico de electrónica e informática que queria ser mecânico de aviões

Luiz José, 50 anos, é sócio-gerente da empresa Tecnigol, na Golegã

Há 20 anos apostou na abertura de negócio próprio. Esteve cinco anos a trabalhar na garagem de casa. Mais tarde abriu loja junto ao pórtico de uma das entradas na vila.

Luiz José, 50 anos, fez um pouco de tudo na vida mas lembra-se de ter perdido uma oportunidade que gostaria de ter seguido. Por 11 dias a mais na idade, e antes de ir para a tropa, não conseguiu entrar para a Força Aérea, onde gostaria ter seguido uma carreira como mecânico de aviões. Hoje tem uma empresa na Golegã, a Tecnigol, onde presta assistência técnica em material de escritório e informática.O jeito para o trabalho com equipamentos eléctricos e electrónicos manifestou-se em jovem e Luiz José fez uma série de instalações eléctricas na sua terra natal Ulme, concelho da Chamusca. Ainda na juventude chegou a editar um boletim, de nome “O Pinéu”, que dava as novas da terra em folhas de papel A4, e ajudou a formar algumas rádios pirata na região, mas a carreira na locução ou no jornalismo nunca foi ambição.Antes de assumir o seu próprio negócio, Luiz José fez um pouco de tudo. Foi guarda nocturno em Ulme, marceneiro no Seixal, trabalhou no Porto a descarregar papel do camião do homem que viria a ser o seu sogro. Foi ainda comercial de madeiras exóticas africanas e vendedor na empresa Copipaper, onde também recebeu formação para reparar máquinas em oito dias.“Apesar de ser comercial, fui ganhando o gosto pelas máquinas. Recebi uma formação intensiva de oito dias que me começou a abrir os olhos para o que eu realmente gostava de fazer. Abriam as máquinas, colocavam uma peça avariada, que nos tínhamos de identificar e substituir. Aquilo sim era formação a sério”, recorda.Nessa época dava-se o boom dos primeiros computadores pessoais. Luís José lidou com os “saudosos” 286 e 486, com dez megabytes de disco e um megabyte de memória, assim como com a massificação das fotocopiadoras e dos faxes nos escritórios e serviços.Há 20 anos Luís José apostou na abertura de negócio próprio. Teve uma loja de informática e centro de cópias no Entroncamento mas a decisão da câmara de colocar uma rede no separador central da avenida onde ficava o estabelecimento fez baixar drasticamente o número de clientes. “De três mil cópias por dia passei para 600”, recorda. Antevendo o pior, decidiu pegar em máquinas e equipamentos e apostou na Golegã, onde residia. Esteve cinco anos a trabalhar com as máquinas na garagem de casa. Mais tarde abriu loja junto ao pórtico de uma das entradas na vila. Hoje procura sobretudo rapidez e eficiência na assistência técnica prestada. Costuma planear no dia anterior todo o trabalho do dia seguinte mas o toque do telemóvel fá-lo muitas vezes mudar de planos. O seu trabalho é geralmente 20 quilómetros em redor da Golegã mas pode deslocar-se a outras localidades mais ocasionalmente ou a Santarém, onde costuma recorrer aos fornecedores das marcas com que trabalha. Começa a trabalhar pelas dez da manhã e acaba mais tarde, perto das 19 ou 20 horas. Na loja e fora dela, a maior parte dos problemas a resolver é com computadores, especialmente vírus. Mas também há a questão dos toners das impressoras e fotocopiadoras. “É sempre bom ter um toner de reserva quando se imprimem ou copiam muitas folhas”, aconselha.Luiz José diz que a vida de empresário se tornou uma luta diária para quem, como ele, é um faz tudo. A esposa, Lucília Alves, professora, vai ajudá-lo quando sai das aulas. De resto, Luiz faz de assistente técnico, comercial, director, empresário, cobrador e pagador. O fim do dia é, por isso, stressante. “Somos empregados das empresas, mal pagos pela empresa, sem tempo para nós, sem horas de sono e a tirar horas à família ao fins-de-semana ou quando se quer ir de férias”, diz o empresário.Ao contrário do que se possa pensar, o computador não é um auxiliar do seu dia a dia, apesar de lidar com os dos clientes. A viatura e o telemóvel são essenciais, e neste último até pode aceder ao email e agendar trabalho. É por isso que está ligado 24 horas por dia.Aliás, a internet é o escape de Luiz José ao final do dia quando, calmamente, pode consultar o correio electrónico e divertir-se com os mails que alguns amigos enviam. Também gosta de ver as notícias e estar actualizado com a região, o país e o mundo mas recorrendo mais à internet que à televisão.
O técnico de electrónica e informática que queria ser mecânico de aviões

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