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Vila Franca de Xira tem o primeiro grupo de recortadores portugueses

Vila Franca de Xira tem o primeiro grupo de recortadores portugueses

Elementos de “Toro y Emoção” querem mais oportunidades para mostrar o que valem

É de Vila Franca de Xira o primeiro grupo português de recortadores. Apresentam-se em praça vestidos de branco. São toureiros de corpo limpo, sem muleta e sem capote. Aperfeiçoam no ginásio, depois do trabalho, a arte de voar sobre o toiro.

O primeiro recortador coloca uma venda, ata as pernas e espera a entrada do toiro em praça em cima de um banco. É assim que começa o espectáculo dos recortadores de Vila Franca de Xira “Toro y Emoção”. Flávio Santos, 34 anos, residente no Cartaxo, foi quem sonhou o projecto. O antigo forcado dos Amadores da Moita, cortador de carne de profissão, que também já tinha brincado com toiros nas largadas de rua, decidiu criar um grupo de recortadores só com elementos portugueses.Os cinco que compõem o grupo foram repescados um a um pelo “caçador de talentos” que os escolheu pelo que mostravam nas largadas de rua. Treinam todos os dias num ginásio de Vila Franca de Xira. São quase atletas de alta competição. É lá que aperfeiçoam a técnica dos saltos sobre o toiro que faz arrebatar multidões. “Aprendem a dar os saltos no trampolim e na rede que faz a impulsão e daí passam para o chão fazendo força com as próprias pernas”, explica o treinador João Machado, 25 anos, militar, que se surpreendeu com a facilidade de aprendizagem.O treino de salão é a base mas os recortadores reclamam mais oportunidades para aperfeiçar a arte com o toiro, fora de praça, como qualquer outro toureio. “Instinto e valentia” são as palavaras que Filipe Silva, 29 anos, operário fabril, o primeiro a entrar em praça, usa para descrever o seu número. É pai de dois filhos e tem três cornadas bem marcadas no corpo que no entanto não o fazem desistir.O jovem Fernando Silva, 16 anos, aluno do curso de fotografia da Escola Alves Redol, é apontado como a grande revelação. Já domina a arte de fintar o toiro. Está a iniciar-se no salto do anjo, técnica que Emanuel Silva, 32 anos, operador de armazém, já domina na perfeição. De braços abertos lança-se em direcção ao toiro voando sobre o animal. “É o salto mais perigoso e o que pode trazer mais lesões”.O único dos cinco que não é de Vila Franca de Xira tem no sangue a tradição das capeias arraianas do Soito, Sabugal, mas vive em Lisboa. Pedro Balhé é comando, já cumpriu missão no Afeganistão e sabe que não há desafio com mais adrenalina que saltar entre dois cornos de um toiro encolhendo as pernas.Cali Cardoso é provavelmente o único recortador africano. “Sabe templar a investida do toiro com muita classe”, analisa o “seleccionador”. André Ferreira, outro dos elementos, é especialista em saltos de vara e recortes. É Flávio Santos quem escolhe os toiros para os recortadores. O animal tem que ter características específicas. “Tem que ser curto de pescoço e com a cara baixa por causa dos saltos”, descreve.“Toro y Emoção” foi fundado em Março de 2012. O grupo mostrou-se pela primeira vez, com camisola oficial e calça branca, no Jeromelo, em Mafra. O nome é meio espanhol, meio português a pensar na internacionalização. A arte dos recortadores, que surgiu em Espanha, ainda não está muito divulgada em Portugal mas Flávio Santos quer ajudar a promovê-la até porque o recortador tem tanto valor como qualquer outro toureiro, diz lançando o repto aos empresários das praças. “É um toureio de corpo limpo com uma magia diferente”.
Vila Franca de Xira tem o primeiro grupo de recortadores portugueses

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