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O misterioso desaparecimento do empresário de Samora Correia que agora foi dado como morto

O misterioso desaparecimento do empresário de Samora Correia que agora foi dado como morto

O corpo de João Lopes nunca apareceu e a investigação nunca concluiu que possa ter fugido

Há 18 anos desapareceu misteriosamente de Samora Correia um empresário do ramo dos automóveis. João Lopes, mais conhecido por “cem à hora”, foi agora dado como morto por decisão judicial, o que vai permitir à família desbloquear os seus bens. A filha Maria João Lopes não tem dúvidas que o pai está morto, mas a mãe de João ainda acredita que ele um dia lhe bata à porta.

Eduarda Sousa O desaparecimento do empresário de automóveis de Samora Correia, João Lopes, continua envolto em mistério 18 anos depois. Recentemente foi dado como morto por decisão judicial apesar de o corpo nunca ter aparecido. Maria João Lopes, 42 anos, filha do empresário que deixou um prédio inacabado na cidade já não tem dúvidas que o pai está morto e a decisão judicial vem pôr fim a uma angústia. A mãe de João, Maria Albertina, 82 anos, ainda tem esperança que o filho um dia lhe apareça à porta, apesar de ao longo destes 18 anos nunca ter havido qualquer pista que apontasse que estivesse vivo até porque não houve qualquer contacto com familiares ou amigos. Foi no dia 3 de Novembro de 1994 depois de ir tomar o pequeno-almoço em Porto Alto que João Lopes, na altura com 44 anos, e dono de dois stands de automóveis em Samora Correia, desapareceu sem deixar rasto. O caso acabaria por ser arquivado nove meses depois. Em 2001 o Ministério Público reabriu o caso que culminou agora com a morte presumida do empresário, estando já a decorrer o processo judicial de partilha dos bens pelos herdeiros. “Não era o desfecho que eu queria. Não posso dizer que me sinto aliviada. Preferia que ele estivesse preso nalgum sítio. Infelizmente não me restam dúvidas que ele morreu”, revela Maria João Lopes, sem conseguir conter as lágrimas. Maria João acredita que o pai foi morto e gostava de um dia ter explicações para o que aconteceu. E gostava também que os responsáveis fossem punidos. O sofrimento por que passou ao longo dos anos ainda está bem presente na sua vida. Na altura especulou-se que o desaparecimento estaria ligado a negócios obscuros, o que levou muitas pessoas da terra a virarem-se contra a família. Seis anos depois do desaparecimento, Maria João Lopes teve de mudar a filha da escola porque a menina não aguentava os comentários que teciam em relação ao avô. “Quando o meu pai desapareceu, eu tinha 24 anos, o meu irmão 15, e de repente vi todos os que achava que eram meus amigos a desaparecerem também”, recorda.A mãe do empresário ainda chegou a pensar que o filho tinha fugido para o Brasil porque ele ia mostrando que não andava bem e que chegou a comentar que tinha de desaparecer. Depois de muitos anos metida em casa por causa de toda esta situação, resolveu recomeçar a viver. “Não posso fazer mais nada, continuo a sofrer muito, mas tento agora distrair-me, sair de casa e conversar com os outros para não pensar tanto”, desabafa. Recorde-se que uma das primeiras suspeitas da PJ recaiu sobre um empresário da construção civil, que tinha alegadamente uma dívida de muitos milhares de euros a João Lopes por conta da venda de uma casa e de carros. Um helicóptero sobrevoou Samora, realizaram-se buscas nas zonas ribeirinhas, mas o corpo nunca apareceu. Dois dias depois do seu desaparecimento, o seu carro foi encontrado num dos parques subterrâneos do aeroporto da Portela. Nesse dia não terá utilizado o identificador da via verde como sempre fazia, o que levantou a suspeita que não terá sido ele a conduzir o carro. Há mais de uma década que vivia em união de facto, depois de se ter separado da mãe dos seus dois únicos filhos. Era conhecido por “cem à hora” devido ao seu gosto por conduzir a elevada velocidade. Família prepara-se para partilhar bens deixados pelo empresárioSó agora que a justiça dá como morto João Lopes, é que a família pode iniciar as partilhas dos bens. A moradia inacabada que se encontra logo à entrada de Samora Correia, ao lado do posto de abastecimento de combustível, e que serve de abrigo para toxicodependentes, é apenas um dos bens. Maria João Lopes revela no entanto que grande parte do património do pai desapareceu, como o dinheiro que possuía nas suas contas, ou os automóveis que tinha nos dois stands, não querendo adiantar mais pormenores sobre o caso. “Foi um processo muito mal conduzido desde o início. Perdemos os bens mais importantes”, explica.
O misterioso desaparecimento do empresário de Samora Correia que agora foi dado como morto

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