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Comerciantes da Vala do Carregado não querem sair de imóveis ilegais que têm de ser demolidos

Comerciantes da Vala do Carregado não querem sair de imóveis ilegais que têm de ser demolidos

Câmara de Vila Franca licenciou há anos os espaços comerciais para salvaguardar postos de trabalho

O projecto de requalificação do rio Grande da Pipa prevê a demolição de dois edifícios construídos ilegalmente na década de 40, mas as duas comerciantes não querem sair dizendo que a autarquia concordou com a ilegalidade ao licenciar os estabelecimentos.

A Câmara de Vila Franca de Xira garante que os dois edifícios onde funciona um minimercado e um restaurante vão mesmo ser demolidos por causa das obras de requalificação do rio Grande da Pipa, apesar de os comerciantes não quererem sair do local. Os imóveis, na Vala do Carregado, foram construídos ilegalmente nos anos 40 mas os donos dos espaços comerciais têm licença de funcionamento e é a isso que se agarram para não saírem do local, considerando que o município ao emitir o licenciamento “concordou com a ilegalidade”. As negociações entre a câmara e os proprietários das casas continuam mas não se consegue encontrar uma solução. A câmara não se tem mostrado disponível para indemnizar as duas comerciantes, Ivone Andrade e Maria Manuela, e estas dizem que não têm outro sítio para onde ir e montar de novo o negócio. O vice-presidente do município, Alberto Mesquita, admite que a câmara licenciou a exploração daqueles espaços comerciais por ter “bom senso” e para preservar os postos de trabalho ali existentes. O projecto de requalificação do rio prevê a demolição das duas casas onde vai ser feita uma ciclovia e casas de banho públicas. “Obviamente que não se pode demolir sem se encontrar uma solução e essa solução tem vindo a ser vista com os advogados de ambas as partes. Não sei dizer se iremos indemnizar as pessoas, tudo depende de como evoluírem as negociações”, frisa Alberto Mesquita a O MIRANTE. Para que o processo de requalificação do rio não fique parado o município deu instruções aos empreiteiros para que a obra avance até um limite de segurança das casas. As duas comerciantes queixam-se de viver com a incerteza de serem despejadas a qualquer momento. Maria Manuela tem 57 anos e explora o restaurante há 20 anos. “É triste estarmos nesta situação”, lamenta. A vizinha, Ivone Andrade, admite que não tem dinheiro para encontrar outro estabelecimento na Vala do Carregado e mostra-se indignada com a forma como todo o processo se tem desenvolvido. “É complicado viver na incerteza todos os dias. Estamos à espera de saber se vão demolir os edifícios, se fazem obras, se vamos receber uma indemnização ou se vamos ser colocados noutro lado”, lamenta.Recorde-se que a Declaração de Impacto Ambiental da obra está condicionada à obrigatoriedade de implementação, por parte do município, de medidas compensatórias a definir com os proprietários pela afectação dos edifícios. A obra de requalificação do rio foi adjudicada ao consórcio Obrecol/Oliveiras SA por 4 milhões e 390 mil euros. A obra tem sofrido atrasos sucessivos também devido a problemas com a expropriação de terrenos no vizinho concelho de Alenquer. Um dos proprietários desses terrenos, não conseguindo chegar a acordo com o município, interpôs uma providência cautelar para travar a expropriação. A obra tem de ficar concluída até Dezembro de 2013.
Comerciantes da Vala do Carregado não querem sair de imóveis ilegais que têm de ser demolidos

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